Associação de Plastimodelismo do Rio de Janeiro

Minha primeira contribuição para este GB, como não poderia deixar de ser, será um... Spitfire!

Revirei as caixas que tinha em casa e o kit de Spit mais “antigo” que tinha é este Mk.V da Airfix, referência 02046:



A caixa data de 1990, o que dá ao kit um respeitável quarto de século, mas a forma original dele é de 1974, que o coloca bem na época da minha “primeira fase” no modelismo.


Para adicionar mais “vintage experience” à montagem, a minha proposta é fazê-lo “Strict Out-of-the-Box”, ou seja, nada de acessórios ou modificações mais radicais no kit. Fazê-lo como proposto e com o que vem na caixa. E dentro do possível, usando os materiais preconizados pelo fabricante e amplamente disponíveis naquela época, pelo menos pelos kids ingleses. Ou seja, tinta esmalte aplicada a pincel, decais originais do kit, etc. Vamos ver até aonde me controlo...

Eis as latinhas de Humbrol já separadas:


Uma coisa interessante sobre esse kit é que ele é um dos “Vintage” com mais longa vida útil.
Até hoje este kit básico está, com nova caixa e decais, no catálogo da Airfix. São mais de 40 anos em catálogo de forma praticamente ininterrupta, holy milk cow!


E, salvo melhor juízo, ainda é um dos mais corretos kits 1/72 do Spitfire Vb, apesar das linhas em alto relevo, do trem de pouso simplificado, da transparência espessa e do cockpit inexistente. Depois dos problemáticos Tamyia e Hobby Hoss, do trabalhoso Italeri e do deplorável Revell, talvez esse kit só perca hoje para o AZ Model. Que custa mais que o dobro e é um short-run com painéis em baixo relevo e interior completo, mas que no mínimo será tão trabalhoso quanto o seu ancestral para fazer um modelo top.

Em princípio farei a versão da tampa da caixa, o ubiquíssimo RF-D do ás polonês Jan Zumbach, C.O. do Esquadrão 303 da RAF, 1941:




Essa montagem vai correr em paralelo com a da sua nêmesis, o FW 190 da Eduard...

Bacana! Vai ser interessante acompanhar.

Abs!

Depois de um monte de percalços (dos quais o menor foi o problema no compressor, obrigado Mobi pela ajuda!), finalmente consegui atacar esse kit e começar a montagem.

O piloto amanheceu com uma gastrite tão severa que abriu um buraco no estômago, teve que levar um pingo de putty pra sarar.


"doente" e "curado"

Pintura básica de algumas peças, tudo com Humbrol Enamel (esmalte).
Há muito tempo não usava essas tintas, elas são espetaculares no pincel.
Os senões são o cheiro (do qual até gosto mas sei que não é muito saudável) e o tempo de secagem.
Depois da secagem praticamente instantânea das acrílicas essa é mesmo uma volta ao passado...


Hu 78, o interior green inglês mais oficial do mundo.
Esta latinha tem facilmente uns 15 anos comigo. Foi só agitar e usar!


peças pintadas -fase 1. Tudo com Humbrol enamel!

Consegui uma base original da Airfix que veio no kit do Fairey Battle que o Mobi vai fazer aqui neste GB. Novamente obrigado, Mobi!
Assim vou poder fazer o avião voando" e portanto tive que abrir o slot para a base na peça da asa inferior.
Fechei a asa, teve que levar um putty no bordo de ataque, a peça soltou mal da árvore e ficou danificada. Vai secar pra amanhã.

Pra deixar um gostinho, um dryfit pra dar uma visão geral do spit voando baixo na base:



A onda aqui é a base original da Airfix.
Pra quem se preocupa, a "trincheira" na raiz da asa tem jeito!

Por ora é isso.
Pintando no esmalte vai levar uns bons dias pra ficar pronto...

E continua a saga...

Primeiro, uma excentricidade minha.
Tenho o hábito de gravar no interior a data do "fechamento do pastel" de todo kit que monto (desde o primeiríssimo quando voltei a montar kits).
Assim, completando a "data" do molde que já vem gravada, marquei com uma agulha a data de "batimento da quilha" e reforcei com um pilot indelével.
Quem quebrar um modelo meu vai poder ver a data de fabricação lá.
Eu sei, é uma esquisitice, mas eu faço.

Agora a saga do piloto.
Pintar à moda antiga, com esmalte,demora muito.

Depois de dias esperando cada cor secar, algumas demãos, etc e com uma camada de verniz pra igualar ficou assim:



E depois de um wash, uns highlights e um verniz fosco ficou assim:



Dentro do cockpit ele ficou assim:



Acho que dá pra enganar.
Ah, sim, deixo pros figurinistas e especialistas em fardas usadas por pilotos poloneses na RAF a discussão sobre o FS da roupa.
E definitivamente NÃO aceito reclamações

Agora, o capítulo seguinte da saga, fechar o pastel, emassar, etc.

Primeiro, quem foi o louco que fez um kit com quinze peças e resolveu do nada fazer o radiador de óleo separado e em duas peças?
Pior, as peças são uma @$#! - pra fazer aquilo parecer o que deve ser, é um trabalho de reescultura



Colando a asa na fuselagem.



Olhando assim, parece maneiro, né?
Agora olha do outro lado...



Isto não é fresta, nem gap. É uma FOSSA

Pra tapar isso, tive que apelar pro velho truque índio do sprue esticado (pra servir de base pra massa; se colocar só massa ali vai passar o resto da vida encolhendo, rachando, etc). Registrei o sprue aplicado na fresta mais estreita. As cenas do preenchimento da FOSSA com sprue são fortes demais pra exibir neste horário
Reparem também que a região do nariz já foi emassada e lixada. Possivelmente algum retoque será necessário, mas só vamos rever isso, se necessário, após o primeiro passe de primer.



Depois foi aplicar meio quilo de massa sobre as frestas já grosseiramente preenchidas - de fato, a parte fácil.



E massa também onde mais fosse necessário.





Só lixarei amanhã, aí sim será tenso recompor os detalhes e tudo o mais...

Agora, outra parte tensa.

Mascarar o canopi

Técnica da fitinha cortada com bisturi novo e preenchida com máscara líquida.

Primeiro, aplicando as fitinhas (no canopi ainda solto, acho mais fácil)






Depois, colei o canopi com aquela cola branca de gente metida a besta que chamam de Micro Krystal Klear.
Pra mim, que já tenho um potinho é mais barato que sair a essa hora da noite pra comprar um tubinho de cola branca que eu não tenho à mão por aqui...



Aplicado com um palitinho em dose generosa, sem remorsos, essa cola depois fica transparente.
Os excessos limpam-se com um cotonete úmido antes da cola secar:



E agora sim, a máscara líquida.
Descobri com pesar que o meu Maskol da Humbrol se sekol no frascol.
Então apelei pra boa e velha máscara liquida da Vallejo, que é a mesma coisa só que o líquido é verdinho (o maskol é roxinho, mais meigo).

Pra não ir dormir desmoralizado, uma foto dele todo pimpão na base, secando a faina de hoje.
Reparem que coisas como o cubo da hélice e os escapamentos já estão adiantados... a gente tem que aproveitar o raro tempo de bancada!



Amanhã, a lixa vai comer solta!


Valeu, agora vou dormir.
até a próxima!

Bacana Eduardo. A técnica da tira de plástico serviu bem nesse modelo.

Como prometido hoje a lixa comeu solta!





Fica muito pouca massa mesmo, a ideia é essa.

Depois, uma demão no pincel mesmo de primer da Humbrol (Hu1).
Houve tempos que esse era considerado o melhor primer do universo conhecido.
Realmente ele é muito bom. Apliquei ele diluído em água raz com uma trincha estreita, só nos pontos críticos (onde havia cicatrizes de emassamento, etc) pra avaliar se alguma correção adicional seria necessária. Parece que não será, mas vamos ver amanhã com tudo seco.

Aproveitei pra já deixar os frames do canopi com a cor "de fundo", Hu78.





Agora é deixar secando.
Com sorte, amanhã começa a pintura propriamente dita!

Ótimo trabalho, estamos aguardando essa pintura.

Abç