Review do aerógrafo Lince EF
Enviado: 16 Jan 2009, 13:59
Recebemos para testes dois novos modelos da Lince: o novo Lince AL-3 e o Lince EF. Os dois aerógrafos vêm em uma mesma embalagem, que é uma caixa de papelão grosso.
Sendo o aerógrafo um equipamento de vida útil bastante longa, eu penso que seria mais adequada uma embalagem mais resistente que permitisse guardar o aerógrafo com segurança por todo o seu tempo de uso, o que não me parece ser o caso desta embalagem. No entanto, a embalagem faz certamente parte do custo final do equipamento o que pode fazer diferença para o comprador. Assim, penso que poderia haver uma opção de fornecimento do equipamento com uma embalagem mais resistente à escolha do comprador. Acompanha o equipamento um manual simples de instruções com um esquema de peças em uma vista explodida e com instruções de uso e manutenção. O manual vem colado na tampa da caixa, o que me pareceu uma boa idéia já que evita que ele se perca.
Até hoje tive pouco contato com os aerógrafos da Lince mas, pelo pouco que conheci dos modelos anteriores, me parece que houve um grande progresso no acabamento final do equipamento. Tanto a cromagem externa quanto o funcionamento mecânico demonstram um cuidado maior com esses detalhes.
O Lince AL-3 mantém a mesma configuração básica do modelo anterior sendo a principal modificação o sistema do bico, que permite devido às modificações uma melhor atomização da tinta.
Já o EF é um modelo totalmente novo que incorpora uma série de novidades em relação ao AL-3. As principais modificações são:
a) um limitador para o curso do gatilho na forma de um botão rotativo na parte traseira do aerógrafo, um dispositivo que, limitando a abertura do leque, permite que se retome o trabalho sempre na mesma condição anterior;
b) na parte frontal inferior do aerógrafo existe um pequeno registro que permite controlar a pressão no bico do equipamento. Esse dispositivo pode ser bastante útil para quem usa aerógrafos ligados a inaladores ou compressores que não tenham registro de pressão;
c) ao contrário do AL-3, o copo do EF pode ser desenroscado do corpo do aerógrafo, permitindo uma limpeza mais fácil ou mesmo a troca por copos de tamanhos diferentes.
AL-3
EF
Impressões do uso
AL-3
O AL-3 é um aerógrafo de ação dupla que se adapta à maior parte dos trabalhos no modelismo. Fiz poucas experiências com ele, uma vez que me concentrei no modelo mais sofisticado. No entanto, esse pouco uso já foi suficiente para verificar os progressos obtidos nesse novo modelo. Para obter uma melhor avaliação passei esse modelo para um outro membro da associação que faz uso constante do antigo AL-3 e vou anexar a este artigo as impressões que ele me fornecer.
EF
Sendo o EF um modelo totalmente novo, concentrei minha avaliação nele. Antes de dar a minha opinião é preciso deixar claro que qualquer modelo de aerógrafo depende de uma curva de adaptação longa e que opiniões baseadas em um curto convívio com o equipamento certamente não estarão completas. Por isso, antes de escrever este artigo procurei testar ao máximo o aerógrafo em diferentes condições. Ainda assim, vou evitar aqui fazer comparações com outros modelos com os quais já tenho grande convivência o que certamente prejudicaria a avaliação deste modelo.
Empunhadura
O EF é um aerógrafo mais pesado do que os modelos que estou acostumado a usar. A maior parte deste peso, devido ao registro de pressão e à posição do copo, se encontra na frente do equipamento. Isso causa um ligeiro desequilíbrio que poderia ser contornado com um cabo um pouco mais longo. No entanto, não é um problema que afete significativamente o uso do equipamento, sendo mais uma questão de adaptação. O tubo de ar que vai da válvula para o bico causou um certo desconforto na minha forma de segurar o aerógrafo, em que uso o dedo médio como apoio. Minha sugestão é que houvesse nesse local uma proteção emborrachada para aumentar o conforto no uso.
Acionamento mecânico
A rosca do limitador do gatilho poderia ter um melhor acabamento uma vez que no seu acionamento demonstra uma falta de ajuste entre as peças. O registro de pressão, apesar do longo curso da rosca, passa da posição totalmente fechada para a totalmente aberta em menos de um quarto de volta, o que torna difícil a sua regulagem. A peça que transmite o movimento do gatilho para o mecanismo que puxa a agulha teria um melhor desempenho se fosse curva, ao invés de encostar no gatilho de topo. Este arranjo faz o movimento “arranhar” um pouco, tornando mais difícil a execução de pequenas aberturas no leque do aerógrafo. Novamente, é uma questão de adaptação. (A sugestão desta última modificação foi enviada ao fabricante que prometeu estudar sua aplicação).
Manutenção do equipamento
A desmontagem do aerógrafo é simples, não oferecendo grande dificuldade tanto na desmontagem quanto na montagem do mesmo. Por instrução expressa do fabricante, não desmontei o bico, apesar disto ser possível. Segundo as instruções recebidas, o bico deve ser limpo apenas mergulhando a ponta do aerógrafo em thinner. Mesmo o conjunto interno de acionamento da agulha não oferece qualquer dificuldade extra para sua retirada e recolocação.
Quando desmontei a válvula de entrada de ar, tive duas surpresas desagradáveis. O pino que transmite o movimento do gatilho para a abertura da válvula estava sem acabamento como pode ser visto nas fotos e a vedação entre o pino e o corpo da válvula era feita apenas com o uso de uma fita teflon, que se soltou no momento da desmontagem. Essa me pareceu uma solução pobre que poderia seguir outro caminho. No meu caso, como a fita teflon já havia se soltado, eu a sustitui por um anel de borracha (O-Ring) de tamanho adequado. (A sugestão desta nova solução também foi enviada ao fabricante). Mais uma vez, este não é um problema que afete o desempenho do equipamento, sendo apenas uma dificuldade a mais para a manutenção.
Nota: é sempre bom lembrar que a manutenção interna só deve ser tentada por pessoas que tenham perfeito conhecimento do funcionamento desse tipo de equipamento, sendo sempre recomendável que esse serviço seja feito pelo próprio fabricante. Sendo a Lince um fabricante nacional e de fácil acesso, este procedimento é ainda mais recomendável.
Linhas finas
A pergunta que todo mundo deve estar se fazendo ao ler este artigo, e que é o que realmente os modelistas gostariam de saber, é se o aerógrafo é capaz de fazer linhas finas. Não acho que esta seja a pergunta correta. Afinal o que nós fazemos não são linhas. Vou substituir a pergunta tradicional por outra. É possível fazer pequenas camuflagens usando este equipamento? A resposta é que depois de um período de adaptação não tive grande dificuldade em fazer a camuflagem, a mão livre, das fotos abaixo em um veículo na escala 1/76. Evidentemente se é possível obter esse tipo de resultado em uma escala pequena como essa, mais facilmente se obterá os resultados desejados em escalas maiores.
Conforme se pode ver pelas fotos, o jato obtido é constante e sem desvios o que mostra a boa qualidade do ajuste entre a agulha e o bico. Isto é fundamental para se obter um bom acabamento na pintura.
Em resumo, apesar dos problemas descritos, o Lince EF é um bom equipamento que com algum período de adaptação apresenta resultados tão bons quanto os que eu já consegui com aerógrafos importados.
Quando estava terminando esta matéria fui surpreendido pelo fornecimento por parte da Lince de um novo aerógrafo EF contendo uma série de modificações que resolveram boa parte dos problemas acima descritos:
- o limitador do gatilho teve o botão de acionamento diminuído, e a rosca sofreu um tratamento de cromagem que acabou com os problemas de ajuste acima mencionados, passando o acionamento a ser macio e sem problemas;
- a válvula de ar sob o bico também sofreu modificações no seu acabamento interno e no botão de acionamento, passando a ter a regulagem um curso maior, o que resolveu os problemas mencionados no modelo anterior;
- outra modificação muito bem vinda foi que todas as peças desmontáveis tiveram o seu ponto de encaixe no aerógrafo dotadas de um acabamento facetado, o que permite o uso de uma chave de boca para desmontagem das mesmas. Isso evita o uso de alicates como era necessário no modelo anterior, o que poderia danificar a cromagem. Excelente iniciativa.
- o copo do novo modelo ficou ligeiramente mais baixo que o modelo anterior. Esta modificação trouxe duas vantagens significativas: aumentou o espaço livre entre o gatilho e o copo, dando mais conforto no uso, e diminuiu o centro de gravidade do equipamento, melhorando o seu equilíbrio vertical.
Seguem fotos mostrando as modificações
Durante todo o período de testes, mantive contato com o fabricante, trocando impressões sobre o equipamento e ele demonstrou sempre o maior interesse em ouvir as sugestões apresentadas. É louvável encontrar esse tipo de receptividade em um fabricante mesmo quando as opiniões emitidas chamavam a atenção para algumas melhorias que poderiam ser feitas no equipamento. Ainda segundo me foi informado pelo fabricante, algumas novas modificações deverão ser feitas e um modelo com tais modificações nos deve ser enviado para análise posterior.
Sendo o aerógrafo um equipamento de vida útil bastante longa, eu penso que seria mais adequada uma embalagem mais resistente que permitisse guardar o aerógrafo com segurança por todo o seu tempo de uso, o que não me parece ser o caso desta embalagem. No entanto, a embalagem faz certamente parte do custo final do equipamento o que pode fazer diferença para o comprador. Assim, penso que poderia haver uma opção de fornecimento do equipamento com uma embalagem mais resistente à escolha do comprador. Acompanha o equipamento um manual simples de instruções com um esquema de peças em uma vista explodida e com instruções de uso e manutenção. O manual vem colado na tampa da caixa, o que me pareceu uma boa idéia já que evita que ele se perca.
Até hoje tive pouco contato com os aerógrafos da Lince mas, pelo pouco que conheci dos modelos anteriores, me parece que houve um grande progresso no acabamento final do equipamento. Tanto a cromagem externa quanto o funcionamento mecânico demonstram um cuidado maior com esses detalhes.
O Lince AL-3 mantém a mesma configuração básica do modelo anterior sendo a principal modificação o sistema do bico, que permite devido às modificações uma melhor atomização da tinta.
Já o EF é um modelo totalmente novo que incorpora uma série de novidades em relação ao AL-3. As principais modificações são:
a) um limitador para o curso do gatilho na forma de um botão rotativo na parte traseira do aerógrafo, um dispositivo que, limitando a abertura do leque, permite que se retome o trabalho sempre na mesma condição anterior;
b) na parte frontal inferior do aerógrafo existe um pequeno registro que permite controlar a pressão no bico do equipamento. Esse dispositivo pode ser bastante útil para quem usa aerógrafos ligados a inaladores ou compressores que não tenham registro de pressão;
c) ao contrário do AL-3, o copo do EF pode ser desenroscado do corpo do aerógrafo, permitindo uma limpeza mais fácil ou mesmo a troca por copos de tamanhos diferentes.
AL-3
EF
Impressões do uso
AL-3
O AL-3 é um aerógrafo de ação dupla que se adapta à maior parte dos trabalhos no modelismo. Fiz poucas experiências com ele, uma vez que me concentrei no modelo mais sofisticado. No entanto, esse pouco uso já foi suficiente para verificar os progressos obtidos nesse novo modelo. Para obter uma melhor avaliação passei esse modelo para um outro membro da associação que faz uso constante do antigo AL-3 e vou anexar a este artigo as impressões que ele me fornecer.
EF
Sendo o EF um modelo totalmente novo, concentrei minha avaliação nele. Antes de dar a minha opinião é preciso deixar claro que qualquer modelo de aerógrafo depende de uma curva de adaptação longa e que opiniões baseadas em um curto convívio com o equipamento certamente não estarão completas. Por isso, antes de escrever este artigo procurei testar ao máximo o aerógrafo em diferentes condições. Ainda assim, vou evitar aqui fazer comparações com outros modelos com os quais já tenho grande convivência o que certamente prejudicaria a avaliação deste modelo.
Empunhadura
O EF é um aerógrafo mais pesado do que os modelos que estou acostumado a usar. A maior parte deste peso, devido ao registro de pressão e à posição do copo, se encontra na frente do equipamento. Isso causa um ligeiro desequilíbrio que poderia ser contornado com um cabo um pouco mais longo. No entanto, não é um problema que afete significativamente o uso do equipamento, sendo mais uma questão de adaptação. O tubo de ar que vai da válvula para o bico causou um certo desconforto na minha forma de segurar o aerógrafo, em que uso o dedo médio como apoio. Minha sugestão é que houvesse nesse local uma proteção emborrachada para aumentar o conforto no uso.
Acionamento mecânico
A rosca do limitador do gatilho poderia ter um melhor acabamento uma vez que no seu acionamento demonstra uma falta de ajuste entre as peças. O registro de pressão, apesar do longo curso da rosca, passa da posição totalmente fechada para a totalmente aberta em menos de um quarto de volta, o que torna difícil a sua regulagem. A peça que transmite o movimento do gatilho para o mecanismo que puxa a agulha teria um melhor desempenho se fosse curva, ao invés de encostar no gatilho de topo. Este arranjo faz o movimento “arranhar” um pouco, tornando mais difícil a execução de pequenas aberturas no leque do aerógrafo. Novamente, é uma questão de adaptação. (A sugestão desta última modificação foi enviada ao fabricante que prometeu estudar sua aplicação).
Manutenção do equipamento
A desmontagem do aerógrafo é simples, não oferecendo grande dificuldade tanto na desmontagem quanto na montagem do mesmo. Por instrução expressa do fabricante, não desmontei o bico, apesar disto ser possível. Segundo as instruções recebidas, o bico deve ser limpo apenas mergulhando a ponta do aerógrafo em thinner. Mesmo o conjunto interno de acionamento da agulha não oferece qualquer dificuldade extra para sua retirada e recolocação.
Quando desmontei a válvula de entrada de ar, tive duas surpresas desagradáveis. O pino que transmite o movimento do gatilho para a abertura da válvula estava sem acabamento como pode ser visto nas fotos e a vedação entre o pino e o corpo da válvula era feita apenas com o uso de uma fita teflon, que se soltou no momento da desmontagem. Essa me pareceu uma solução pobre que poderia seguir outro caminho. No meu caso, como a fita teflon já havia se soltado, eu a sustitui por um anel de borracha (O-Ring) de tamanho adequado. (A sugestão desta nova solução também foi enviada ao fabricante). Mais uma vez, este não é um problema que afete o desempenho do equipamento, sendo apenas uma dificuldade a mais para a manutenção.
Nota: é sempre bom lembrar que a manutenção interna só deve ser tentada por pessoas que tenham perfeito conhecimento do funcionamento desse tipo de equipamento, sendo sempre recomendável que esse serviço seja feito pelo próprio fabricante. Sendo a Lince um fabricante nacional e de fácil acesso, este procedimento é ainda mais recomendável.
Linhas finas
A pergunta que todo mundo deve estar se fazendo ao ler este artigo, e que é o que realmente os modelistas gostariam de saber, é se o aerógrafo é capaz de fazer linhas finas. Não acho que esta seja a pergunta correta. Afinal o que nós fazemos não são linhas. Vou substituir a pergunta tradicional por outra. É possível fazer pequenas camuflagens usando este equipamento? A resposta é que depois de um período de adaptação não tive grande dificuldade em fazer a camuflagem, a mão livre, das fotos abaixo em um veículo na escala 1/76. Evidentemente se é possível obter esse tipo de resultado em uma escala pequena como essa, mais facilmente se obterá os resultados desejados em escalas maiores.
Conforme se pode ver pelas fotos, o jato obtido é constante e sem desvios o que mostra a boa qualidade do ajuste entre a agulha e o bico. Isto é fundamental para se obter um bom acabamento na pintura.
Em resumo, apesar dos problemas descritos, o Lince EF é um bom equipamento que com algum período de adaptação apresenta resultados tão bons quanto os que eu já consegui com aerógrafos importados.
Quando estava terminando esta matéria fui surpreendido pelo fornecimento por parte da Lince de um novo aerógrafo EF contendo uma série de modificações que resolveram boa parte dos problemas acima descritos:
- o limitador do gatilho teve o botão de acionamento diminuído, e a rosca sofreu um tratamento de cromagem que acabou com os problemas de ajuste acima mencionados, passando o acionamento a ser macio e sem problemas;
- a válvula de ar sob o bico também sofreu modificações no seu acabamento interno e no botão de acionamento, passando a ter a regulagem um curso maior, o que resolveu os problemas mencionados no modelo anterior;
- outra modificação muito bem vinda foi que todas as peças desmontáveis tiveram o seu ponto de encaixe no aerógrafo dotadas de um acabamento facetado, o que permite o uso de uma chave de boca para desmontagem das mesmas. Isso evita o uso de alicates como era necessário no modelo anterior, o que poderia danificar a cromagem. Excelente iniciativa.
- o copo do novo modelo ficou ligeiramente mais baixo que o modelo anterior. Esta modificação trouxe duas vantagens significativas: aumentou o espaço livre entre o gatilho e o copo, dando mais conforto no uso, e diminuiu o centro de gravidade do equipamento, melhorando o seu equilíbrio vertical.
Seguem fotos mostrando as modificações
Durante todo o período de testes, mantive contato com o fabricante, trocando impressões sobre o equipamento e ele demonstrou sempre o maior interesse em ouvir as sugestões apresentadas. É louvável encontrar esse tipo de receptividade em um fabricante mesmo quando as opiniões emitidas chamavam a atenção para algumas melhorias que poderiam ser feitas no equipamento. Ainda segundo me foi informado pelo fabricante, algumas novas modificações deverão ser feitas e um modelo com tais modificações nos deve ser enviado para análise posterior.