Associação de Plastimodelismo do Rio de Janeiro

Um Spitfire sorridente!

O Esquadrão 457 da Royal Australian Air Force (RAAF) recebeu o nome informal de Grey Nurse, uma espécie de tubarão comum na Austrália que aqui é conhecido como cação-mangona. Este esquadrão, que combateu originariamente na Europa foi transferido para a Austrália em 1942, e operando Spits Mk.Vc participou com destaque na defesa aérea da região de Darwin, ajudando a impedir uma invasão japonesa que seria desastrosa para os aliados.
A boca de tubarão e os dizeres "Grey Nurse" eram aplicados em praticamente todos os aviões do esquadrão, uma prática (nose art) aparentemente tolerada na RAAF mas raríssima na Força Aérea da Metrópole. A boca e os olhos transmitem ao Spitfire um ar não só agressivo mas também jocoso, um sorriso nada enigmático dizendo algo como "corre que vou te comer!". A boca representada no modelo é peculiar pois ainda é do tamanho "pequeno", adotado inicialmente. O interior da boca é preto, a maioria dos Grey Nurses tinha o interior da boca vermelho.

O 457 recebeu novos Spitfires Mk.VIII numa época em que já não havia tantos japoneses voando por perto. Assim, a grande maioria das suas missões foi de reconhecimento armado e interdição, atazanando os japoneses que tinham ficado para trás das linhas aliadas. O 457, na época que este modelo retrata, operou desde Morotai nas Ilhas Molucas (hoje Indonésia). As missões eram comumente de longo alcance, e o uso dos tanques suplementares era muito comum. Dadas as condições rústicas das pistas que operavam, esses Spitfires usavam o pneu "biscoito" desenvolvido pela Dunlop para pistas sujeitas a muita lama.

O A-58-602 (ex-RAF MV133) fez parte da primeira leva de Mk.VIII enviados para a Austrália, chegando em outubro de 1944. Enviado para o 457 em janeiro de 45, mantendo até o final da guerra o esquema original de pintura da RAF, ao contrário de vários outros Mk.VIII da RAAF que foram pintados com o padrões da RAAF que envolviam cores exóticas como o Foliage Green e o Light Blue. Foi escolhido pelo comandante do esquadrão, Robert Gibbes, para ser a sua aeronave pessoal. Gibbes fez gravar no avião as marcações RG (sua iniciais) e V (o código dos seus aviões no front da África do Norte, onde obteve suas vitórias, e que segundo ele lhe trazia sorte). O ás de espadas pintado na cauda (outra característica do esquadrão) era, no avião de Gibbes, pintado de cabeça para baixo. Era um avião bastante bem mantido, apesar das dificuldades logísticas de uma base distante. Afinal, era o avião do W/C...

Hoje em dia, um outro Spit Mk.VIII (A-58-758) recebeu as marcações do A-58-602 (embora com a boca "grande" do final da Guerra) e participa ativamente do circuito de shows aéreos, destacando-se sempre pela aparência inusitada.

............................................

Recebi este kit há alguns meses para fazer o review e levei-o para a bancada.
Finalmente ficou pronto, e divido com vocês algumas fotos dele.
Certamente estará no nosso evento daqui a duas semanas...

É um modelo 100% Eduard, salvo um ou outro pequeno detalhe mínimo e em scratch (como a mangueira de oxigênio e as tabuinhas para proteger o encaixe do tanque descartável). Basicamente é o kit da caixa (8284), enriquecido com alguns detalhes da folha de fotogravados para o Spit VIII (49708), e mais um conjunto de rodas específicas (648118) e o tanque suplementar (648116), ambos em resina (Brassin).

O projeto inicialmente previa o uso do conjunto Brassin para o interior (648199), mas eu acabei fazendo o modelo - sem muito prejuizo - com o interior do kit turbinado com elementos do fotogravado 49708. Ficou bem a contento, e "ganhei" um cockpit que virou um modelinho à parte com o conjunto de resina. Por fim, desisti de usar os flaps abertos, um dia que fizer um diorama de um avião "em manutenção" eu uso...

Tintas: praticamente toda a base em acrílico.
- Primer Vallejo cinza e branco (que fez as faixas brancas da fuselagem e asas)
- Interior Green - Vallejo Model Air 71126 IDF Green (um ótimo match!)
- Assento: mistura de Vallejo Model Air 71040 (Burnt Umber) e 71080 (Rust) até ficar "legal"
- Medium Sea Grey (ventre): Revell Acryl 57 (não é tão "quente" quanto o MSG, mas o tom foi pro lugar com o pós-tratamento)
- Ocean Grey: um mix próprio de tintas Revell Acryl (2x47, 2x57, 2x79, 1x74)
- Dark Green: Revell Acryl 68
- Vermelho (cubo da hélice) - Vallejo Model Air 71003
- Amarelo (ponta das hélices) - Acrilex Fosca 505
- Escapamento - Mr.Metal 214 - Dark Iron (conforme as instruções do kit). Incrível esta tinta, vale cada centavo. Apliquei no pincel e depois "poli" com um pincel seco. Pensei que a peça fosse de ferro fundido. Depois dei um wash escuro pra parecer mais com um cano de descarga.
- Fora pretos, brancos, alumínios... de tudo um pouco, embora prefira trabalhar com as Model Air, mesmo que no pincel.
- Para selar antes dos decais, Future.
- Decais 100% do kit, assentaram bem embora que alguns tiveram que ser amansados violentamente com aquele dissolvedor de decais da AGAMA.
- Washes: Vallejo (73200 Sepia e 73203 Sombra) e um experimento que deu supercerto, Betume Colors da Acrilex (um acrílico semitransparente, ref.21660) que vem em várias cores e dilui maravilhosamente bem no Veja "azul". Os frascos são grandes e relativamente baratos (não mais de R$5 cada), e misturando as cores (usei marrom café, verde oliva, branco, gris de payne, amarelo indiano) cheguei exatamente onde queria. Para modular a viscosidade e/ou transparência, pode rolar um pouco de Future na fórmula, sem problemas.
- Depois dos decais, selei tudo com o Fixador de Pastel da Talon, à base de álcool e que aplica direto do aerógrafo.
- Apliquei depois um sombreamento com uma infinidade de pastéis secos moídos na hora e aplicados com pincel em lugares estratégicos para atenuar parte do chapado das cores). Ficou como eu queria, sutil, quase imperceptível.
- Selei tudo de novo com o Fixador de Pastel, poli depois de bem seco com uma flanelinha de microfibra que deu um semibrilho perto do que eu queria e dei por pronto!

De resto, uma montagem tranquila em dias turbulentos. Se tivesse dedicado um pouco mais de tempo, seria assunto para no máximo duas a três semanas trabalhando de noite e fins de semana, mais por conta dos tempos necessários para as coisas secarem, etc. Mas tive que dividir o tempo "livre" com família, tarefas de casa, regatas, outros modelos na bancada, e simplesmente aquele fato de que tem dias que a cabeça não dá pra modelismo.
Bem, modelismo e pressa não combinam...

Os reviews in-box estão em
Kit - http://www.aprj.com.br/index.php?option ... &Itemid=53
Acessórios do Spit VIII - http://www.aprj.com.br/index.php?option ... &Itemid=53
Rodas- http://www.aprj.com.br/index.php?option ... &Itemid=53
Tanque "slipper" 90gal - http://www.aprj.com.br/index.php?option ... &Itemid=53

Agora, as fotos.
Tirei agora há pouco, às pressas, com a minha Canon SX510 HS em cima da mesa do escritório, com uma iluminação improvisada com abajures de leitura. Brinquei um bocado com as regulagens da máquina e selecionei algumas que achei ficaram menos ruins. Depois dei uma trabalhada simples com o editor de imagens do MS Office (resize, ajuste de brilho e contraste) e mandei pro FBucket.

Ei-las, por favor aceito sugestões...


























Depois, com mais calma, pretendo dar uma reformatada e fazer disso um artigo pro site.

Desde já, obrigado pelas críticas e sugestões que certamente vão aparecer...

Ficou muito bom, as tintas da Revell deram um acabamento excelente, conseguiu um ótimo resultado com elas. Diluiu com o que?

Augusto escreveu:Ficou muito bom, as tintas da Revell deram um acabamento excelente, conseguiu um ótimo resultado com elas. Diluiu com o que?

Obrigado pelo elogio, vindo de você vale muito.

Usei Veja pra diluir.

Como as tintas da Revell são bem pastosas, e com consistência variável dependendo do tempo que estão sem uso, não dá pra precisar uma proporção. Aquela embalagem deles deixa a água evaporar com o tempo, assim é recomendável dar uma vistoriada nessas tintas de vez em quando e conforme for acrescentar um pouquinho de água.

No mais, a tinta acrílica da Revell diluida no Veja funciona muito bem. Tem ótima cobertura, espalha bem, tem pigmento fino, vai bem no aerógrafo (usei o meu Tamyia com bico 0.2), seca rápido e é bem resistente. As cores nem sempre são as que queremos, mas o que não falta por aí são tabelas de conversão pra Humbrol, por exemplo, e receitas de misturas bem razoáveis. E elas aceitam bem misturas até com outras marcas, de vez em quando dou uma temperada com Vallejo e até Acrilex e corre tudo bem. E é ainda melhor no pincel...

Agora, este modelo mostrou que o lance pra um bom acabamento final realmente é a sucessão de camadas. Levei um bom tempo pra finalizar este justamente porque resolvi usar um pouco de técnicas de pintura usuais de aviação, junto com outras que são mais comuns entre a galera de militaria, e outras que a turma de carros preconiza.

Olhando de perto, este ainda está longe de algo "muito bom", mas creio que um caminho seja esse. Ainda acho que pintura é um dos meus pontos mais fracos...

Uma pergunta, e as fotos? Ficaram mais satisfatórias?
Fiz aquele esquema de calibrar o balanço de branco e realmente houve bem menos distorção cromática, embora estivesse usando lâmpadas de temperaturas diferentes, o que sei que não é muito recomendável.
O ideal é fotografar mesmo na Sede, mas pra mim é mais difícil ir lá regularmente, daí que pra fotografar tenho que me virar sozinho por aqui...

Outra pergunta, onde publicar material desse tipo no site além do Forum?
Não se trata mais de um Review, não tem os elementos de uma Montagem (o passo-a-passo está pouco e mal documentado), e a Galeria só coloca as fotos...

As fotos melhoraram muito, agora acho que acertou com a regulagem.

Eu vou colocar na nossa galeria Eduard, mas preciso das fotos em 1024x768. Sugiro também publicar no Face deles que é aberto para mostra modelos deles montdos ou em montagem.

https://www.facebook.com/groups/811765288916408/

Ps. Qual veja? Multiuso, Vidrex, Limpeza pesada?

Veja multiuso.

De noite te mando as fotos 1024x768, estão em casa.

Muito bom!!