Continuando...
Depois de todos os percalços, estamos prontos para a pintura.
Um pinguinho de massa numa falha ou outra de colagem (usei aquele putty a base d'água da Vallejo, muito bom pra essas coisas), um bom passe geral de lixa 1000 e 1500 pra cortar parte do "granulado" da superfíce (veja o review) e uma escovada com um pincel de cerdas duras pra remover poeira e resíduos, especialmente das linhas de painel. Mascarei o que era necessário (cockpit e radiadores), limpei outras peças como portas do trem de pouso, vents dos radiadores, hélice e cubo e estamos prontos pra começar a pintar. Antes, um passe com álcool isopropílico pra remover gorduras de dedo usando uma daquelas flanelas que não soltam pelinhos.
limpo e pronto pra pintar
Usei o primer acrílico-PU da Vallejo, excelente sob todos os aspectos. Apliquei com uma pequena diluição com Veja (20%), estava calor no dia e funcionou perfeitamente com 15 psi.
primerizado. O objeto que parece uma camisinha usada é na verdade uma "dedeira", que uso pra não ficar deixando marcas de dedo quando estou pintando, é mais prático e barato que luva cirúrgica
Continuando a pintura, apliquei o amarelo das faixas de ID das asas e das pontas das hélices. Model Air 71.002, pra quem quiser saber o "FS"
amarelando... não precisa isolar com muita precisão, pois essa cor fica "por baixo"
Apliquei o Medium Sea Grey nas superfícies inferiores, depois de isolar as faixas amarelas das asas com fita Tamyia recortada na medida. Usei um mix próprio baseado na Model Air 71.051, misturado com um pouquinho de verde, branco, vermelho pra dar aquele tom peculiar. A referência foi a Humbrol 165 (tenho ela em esmalte e acrílica, mas não consegui me adaptar com a acrílica no aerógrafo). Como gosto das Model Air, misturei à moda do Mobi e agora tenho um tubinho com MSG pra brincar à vontade. Em tempo, fiz o mesmo pra Ocean Grey, a referência foi a Humbrol 106 e a base a Model Air 71.049, clareada e azulada um pouco mais. O Dark Green foi direto a Model Air (71.019). É perfeito? Nunca será. Mas está perto do geralmente aceito e a tinta é a delícia pra trabalhar.
O fundo do modelo foi isolado com fita Tamyia (nas partes mais delicadas) e fita crepe 3M azul pra cobrir as áreas de menor precisão. Fita Tamyia anda muito cara. Mandei o Ocean Grey.
Deixei curar um dia inteiro e parti pra fazer o Dark Green. Para mascarar experimentei um "novo" material pra mim, a borracha limpa tipos.
Me baseei numa experiência do nosso colega Henrique "Yerrcastro" e foi excelente. Comprei uma borracha dessas na Casa Cruz aqui no centro, por uns R$ 5,50. Tinha três marcas, comprei a mais consistente (e barata) e acho que me dei bem. Uma outra, importada, custava o triplo e achei muito macia e gordurosa. A outra, da Faber-Castell, estava ressecada (devia ser de um lote velho).
a limpa tipos
Trata-se de uma espécie de massa à base de borracha sintética que é bastante popular entre desenhistas para remover seletivamente o grafite, "absorvendo-o". A massa é firme mas maleável, difícil de rasgar sob o próprio peso e aceita ser conformada como desejado, e mantém a forma que lhe é dada. Ideal para fazer aqueles "macarrõezinhos" que a gente usa pra demarcar camuflagens sinuosas como as inglesas. A massa permite fazer tripas cilíndricas de uns 2-3mm de diâmetro e 50cm de comprimento, ou mais. E adere relativamente bem à superfície pintada, bastando dar uma leve pressionada com os dedos. Isolei as áreas assim e preenchi os espaços com máscara líquida (usei a Vallejo, mas pode-se usar Maskol ou qualquer similar, a Acrilex tem um ótimo). Só se deve ter cuidado com reentrâncias (como por exemplo as frestas dos lemes e ailerons), que eu isolei previamente com fita porque essa máscara líquida se imiscui lá no fundo das reentrâncias e é um inferno retirá-la depois).
O resultado ficou muito bom, acima das minhas melhores expectativas.
Comparando, acho a Silly Putty muito "mole" e difícil de controlar, mesmo gelada como me sugeriu o Augusto. Ademais, voltando à temperatura ambiente ela volta a ser viscosa e dotada de vontade própria...
Comparando com a Pritt Tack (ou a Blu-tack, que é basicamente a mesma coisa), estas são muito "adesivas" e de mais difícil remoção. Além disso, se um pedaço do macarrão encostar em outro pedaço, eles se aderem de tal forma que é necessário reenrolar tudo de novo. São um pouco mais "moles" também, e pedaços longos não são muito fáceis de manusear.
Enfim, a limpa tipos (ou
kneaded eraser ou putty rubber, em inglês) ganhou um freguês.
Mais uma vantagem: é plenamente reciclável, reaproveitável e econômica. Usei menos de 1/4 de um tablete pra fazer todos os macarrões necessários para mascarar um Spitfire 1/48. Acho difícil imaginar um kit que precise de mais do que um tablete desses...
aplicando a massinha (veja o tamanho do macarrão enrolado, limitado pelo espaço da mesa)
máscara líquida aplicada e secando
pintado!!
De ontem pra hoje, uma cobertura generosa de Future pra abrir aquele brilho bacana e estamos prontos pros decais.
envernizado, agora decais e estamos chegando na reta final...
Mais tarde a gente continua!