Novo Defiant da Airfix
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Novo Defiant da Airfix
Saindo um pouco dos Spitfires mas ficando na RAF... vou relatar uma montagem que já está quase pronta e que incrivelmente documentei desde o inbox. Neste primeiro post, um pouco de história:
O Boulton Paul Defiant foi uma daquelas boas ideias que surgem que, empregadas fora do seu contexto ideal, entraram para a História como retumbantes fracassos. Mesmo?
Fazia todo sentido em 1935 a proposta de um interceptador especializado para atacar bombardeiros inimigos, veloz e equipado com armamento pesado e grande concentração de fogo, com um tripulante responsável pela observação e operação das armas. O novo avião seria uma versão moderna do Bristol F.2b da I Guerra, espalhando o terror entre as formações que se aventurassem a bombardear a Grã-Bretanha. Atacando em grupos, cruzando entre si o fogo sobre o inimigo e mirando nos pontos mais vulneráveis, os novos caças poderiam ser extremamente eficazes, desde que lhes fosse garantida a impunidade por meio de uma efetiva proteção contra os inevitáveis caças de escolta.
O conceito sobreviveu no período entre-guerras culminando no desenvolvimento de caças como o Hawker Demon, que incorporava a então emergente tecnologia das torretas de tiro. Elas permitiam concentrar o fogo não de uma, mas de várias metralhadoras em um pacote de mais fácil operação para o artilheiro – embora à custa de um aumento significativo no peso do avião.
Para suceder o Demon, a Especificação F.9/35 demandava a concepção de um caça defensivo de dois lugares, de uso diurno e noturno, dotado de uma torreta e que fosse capaz de fazer 467 km/h a 4600 metros. Dos sete projetos apresentados (inclusive um dos últimos projetos de Reginald Mitchell que era baseado no Spitfire), dois foram selecionados: o Hawker Hotspur, um derivativo do Hurricane, e o Boulton-Paul P.92, que viria a ser conhecido como Defiant. Inicialmente o Hotspur foi selecionado pela RAF, mas como a Hawker já estava sobrecarregada com a produção do Hurricane e de qualquer maneira o projeto do Hotspur estava bastante atrasado decidiu-se que o modelo a entrar em fabricação seria o Defiant. Ademais, a Boulton Paul seria de qualquer maneira a fornecedora das torretas qualquer que fosse o caça a ser produzido.
O primeiro vôo do protótipo foi em agosto de 1937. A entrada em produção foi atrasada em função de a Bulton Paul estar comprometida com a entrega dos Blackburn Roc para a FAA, de modo que em agosto de 1939 somente três Defiants haviam sido entregues à RAF.
Entre dezembro de 1939 e março de 1940, o Esquadrão 264 – o primeiro a receber os Defiants - trabalhou arduamente para colocar o novo caça em situação operacional, explorando o envelope de vôo e desenvolvendo táticas para a seu emprego em combate. Mesmo o problema da vulnerabilidade ante o ataque pelos caças de escolta foi parcialmente resolvido por meio da formação de um “círculo defensivo” descendente, uma adaptação do Círculo Lufbery da I Guerra no qual os atacantes ficavam vulneráveis ao fogo cruzado das torretas. Em meados de maio os Defiants do 264 fizeram as suas primeiras missões, conseguindo algumas vitórias animadoras. Na tarde de 29 de maio, em duas missões, um resultado impressionante foi obtido: o esquadrão alegou ter destruído nada menos que 37 aviões inimigos: 19 Ju-87 Stukas, 9 Bf-110, 8 Bf-109s e um Ju-88, para a perda de um único artilheiro (que saltou do seu avião avariado para a morte, enquanto que o avião e o piloto conseguiram retornar). Este foi o melhor resultado em combate de um esquadrão de caça da RAF em um único dia, recorde que perdura até hoje. Obviamente, as expectativas em torno do Defiant foram bastante infladas com esses primeiros resultados.
É bom ressaltar que uma parte do estrondoso “sucesso” dos Defiant pode ser creditada a um natural exagero decorrente do fato que normalmente para cada avião inimigo derrubado contribuíram mais de um Defiant de cada vez. Esse fenômeno, verificado depois por exemplo na campanha de bombardeio sobre a Alemanha pelas Fortalezas Voadoras americanas, inflou ainda mais as expectativas sobre o Defiant, sem lastro em fatos. Por exemplo, das 37 vitórias apregoadas no famoso 29 de maio, os registros alemães contabilizaram apenas 12 a 15 perdas, pouco mais de 1/3 do declarado.
Infelizmente para as tripulações dos Defiants as condições em que a Batalha da Inglaterra seria travada algumas semanas depois não seriam tão propícias. Analisando com a confortável perspectiva da História, hoje podemos listar vários erros de avaliação e gestão que foram cometidos e que, em conjunto, levaram a um grande desastre:
• A fórmula, em si, carregava um problema básico. O Defiant era, assim como o Fairey Battle, muito avião para pouco motor. Sem toda a potência necessária para carregar uma torreta, sistemas elétricos e hidráulicos associados, quatro metralhadoras, munição suficiente e um tripulante adicional em um avião de porte modesto. Embora pouco maior em comprimento e envergadura, um Defiant pesava quase o dobro de um Spitfire ou Hurricane (ou um Bf-109) e era propulsionado basicamente pelo mesmo RR Merlin III dos caças monopostos, que estava na classe de meros 1000 HP. A velocidade final era boa, a boa aerodinâmica proporcionava um avião dócil, estável e relativamente ágil, mas o alto peso/potência fazia com que o avião não respondesse tão rapidamente quanto os seus adversários;
• De fato, desde o início, o Defiant não foi concebido para ser um caça para combater outros caças. Quando foi lançado sem a adequada cobertura de Spitfires ou Hurricanes, os Defiants tinham poucas chances de combater com sucesso os Bf-110s e muito menos os Bf-109s.;
• A cooperação com os caças ainda era sobremaneira dificultada por um pequeno detalhe técnico: os Defiants ainda eram equipados com os obsoletos rádios HF, enquanto que a grande maioria dos esquadrões de Spitfires e Hurricanes estavam completando a transição para os rádios VHF. Simplesmente não havia para os Defiants como pedir socorro ou coordenar as ações com os seus protetores sem a participação do controle de terra;
• O posicionamento de alguns esquadrões como o 141 em bases muito próximas à costa do Canal fez com que normalmente os Defiants não conseguissem atingir a altitude ideal de combate ao interceptar as formações inimigas. A lenta razão de subida do Defiant era um dos seus maiores pontos fracos. Com isso, os caças alemães podiam atacar os Defiants ainda em ascenção com muito mais energia – e melhores resultados. O Esquadrão 264, baseado em Manston – nos arredores de Londres – normalmente conseguia chegar na zona de combate em uma situação bem mais favorável;
• Inacreditavelmente, consta que a experiência acumulada pelo 264 foi pouco compartilhada com o 141, o segundo esquadrão a operar os Defiants. O comandante do 141, bastante cético com relação ao Defiant, preferiu usar a sua própria abordagem para o emprego do caça e os resultados foram catastróficos: em 19 de junho, na sua primeira missão de combate, sete dos nove Defiants do esquadrão foram rapidamente derrubados pelos Bf-109 da escolta alemã. Somente dois escaparam, um gravemente avariado, e isso só foi possível graças à intervenção dos Hurricanes do Esquadrão 111, chamado às pressas para intervir.
Como resultado, a reputação do Defiant foi irremediavelmente afetada e com o súbito aumento das perdas entre junho e agosto foi ordenado o imediato afastamento dos Defiants da linha de frente nas operações diurnas. Como declarou o Air Chief Marshal Hugh Dowding:
“I think it is now generally agreed that the single-seater multi-gun fighter with fixed guns was the most efficient type which could have been produced for day fighting. The Defiant, after some striking initial successes, proved to be too expensive in use against fighters and was relegated to night work and to the attack of unescorted bombers. It had two serious disabilities; firstly, the brain flying the aeroplane was not the brain firing the guns: the guns could not fire within 16 degrees of the line of flight of the aeroplane and the gunner was distracted from his task by having to direct the pilot through the communication set.
Secondly, the guns could not be fired below the horizontal, and it was therefore necessary to keep below the enemy. When beset by superior numbers of fighters the best course to pursue was to form a descending spiral, so that one or more Defiants should always be in a position to bring effective fire to bear. Such tactics were, however, essentially defensive, and the formation sometimes got broken up before they could be adopted. In practice, the Defiants suffered such heavy losses that it was necessary to relegate them to night fighting, or to the attack of unescorted bombers.”
Os Defiants foram então destacados para a caça noturna, função na qual destacaram-se a despeito das dificuldades inerentes à localização dos alvos sem os auxílios eletrônicos que estavam ainda nos seus primórdios. Nessa fase, equipados com o motor Merlin XX e algumas mudanças decorrentes, os novos Defiants Mk.II atingiram o ponto culminante do seu desempenho. Defiants foram dos primeiros caças ingleses a usar o radar embarcado AI Mk.IV, revolucionando o combate aéreo que dependia até então de condições de visibilidade ideais para a localização dos alvos. Usando as metralhadoras da torreta de forma semelhante às Schräge Musik anos depois pelos alemães, os Defiants contribuíram de forma importante para o esforço para deter os ataques noturnos alemães.
Em 1942 os Defiants foram aposentados das missões de interceptação, mas continuaram a prestar relevantes serviços como rebocadores de alvo, aviões de treinamento e no serviço de busca e resgate aéreo dobre o mar (SAR). Ao longo deste ano também foram confiados a Defiants algumas das primeiras missões de contramedidas eletrônicas (ECM), destinadas a embaralhar os sistemas alemães de radar Freya e Würzburg. O Sistema “Moonshine” foi usado pelo Esquadrão 515 contra as defesas alemãs em algumas missões “circus” na costa europeia e, depois, na cobertura ao ataque a Dieppe em agosto. O “Moonshine” foi substituído em dezembro pelo sistema “Mandrel”, que foi operado pelos Defiants do 515 até julho de 1943 com grande sucesso. Com o tempo os Defiant foram substituidos nessas missões pelos Beaufighters e Mosquitos, que podiam levar mais carga útil e ficar mais tempo no ar.
Uma missão interessante do Defiant foi como banco de testes dos primeiros assentos ejetáveis da Martin-Baeker em 1945. Os últimos Defiants da RAF operaram como rebocadores de alvo na Índia até meados de 1947.
Somente um Defiant inteiro ainda existe, e está exposto em Hendon. Partes de outros dois Defiants estão também preservadas em museus, e uma replica foi construída recentemente pela Boulton Paul Association.
Sucesso ou fracasso?
O Defiant é um avião que tem uma má imagem na história a aviação, tido como um conceito errado que, quando aplicado, causou perdas desnecessárias de vidas, recursos e tempo, tão escassos naquele momento crítico.
De fato, se o resultado final foi mesmo desastroso, estou convencido que boa parte deveu-se a falhas na doutrina operacional - decorrentes do pouco tempo disponível para descobrir as vantagens de desvantagens do equipamento e desenvolver as melhores formas de usá-lo. A premência da situação na Batalha da Inglaterra levou a RAF a lançar os Defiants, ainda em aperfeiçoamento, em missões para a qual ele não fora concebido – como a de enfrentar o inimigo protegido por escoltas sem a devida cobertura. O resultado não poderia mesmo ter sido muito diferente.
Outros aviões na história tiveram uma segunda chance, como foi o caso do Bf-110 e do Stuka, contemporâneos e vítimas dos Defiants que no decorrer da Guerra receberam aperfeiçoamentos e novos papéis, sendo úteis até o fim das hostilidades. O próprio conceito de caça especializado em interceptação de bombardeiros foi usado com bastante sucesso pelos alemães enquanto as escoltas aliadas não conseguiram penetrar o suficiente em território inimigo para oferecer uma proteção eficaz. Com uma melhor motorização (disponível para o Defiant II, por exemplo), a performance melhorou – especialmente na razão de subida, seu ponto mais fraco. A adoção de um conjunto de metralhadoras ofensivas (ou a sincronização das metralhadoras da torreta com a hélice permitindo atirar para a frente) poderia ter aumentado a chance de sobrevivência dos Defiants em combate direto. E, acima de tudo, o uso coordenado dos Defiants com os Spitfires e Hurricanes em formações mistas, conforme concebido originalmente, certamente teria dado resultados muito mais positivos do que o que foi verificado.
Por outro lado, praticamente tudo o que o Defiant podia fazer novos modelos como o Beaufighter e o Mosquito também faziam, com mais eficácia. Em última análise, isso foi o que ditou o seu fim.
Revolucionário, pioneiro, surpreendente, o Boulton-Paul Defiant foi, sem dúvida, um dos mais interessantes aviões da II Guerra Mundial.
Daqui a pouco a gente continua com o inbox review!
O Boulton Paul Defiant foi uma daquelas boas ideias que surgem que, empregadas fora do seu contexto ideal, entraram para a História como retumbantes fracassos. Mesmo?
Fazia todo sentido em 1935 a proposta de um interceptador especializado para atacar bombardeiros inimigos, veloz e equipado com armamento pesado e grande concentração de fogo, com um tripulante responsável pela observação e operação das armas. O novo avião seria uma versão moderna do Bristol F.2b da I Guerra, espalhando o terror entre as formações que se aventurassem a bombardear a Grã-Bretanha. Atacando em grupos, cruzando entre si o fogo sobre o inimigo e mirando nos pontos mais vulneráveis, os novos caças poderiam ser extremamente eficazes, desde que lhes fosse garantida a impunidade por meio de uma efetiva proteção contra os inevitáveis caças de escolta.
O conceito sobreviveu no período entre-guerras culminando no desenvolvimento de caças como o Hawker Demon, que incorporava a então emergente tecnologia das torretas de tiro. Elas permitiam concentrar o fogo não de uma, mas de várias metralhadoras em um pacote de mais fácil operação para o artilheiro – embora à custa de um aumento significativo no peso do avião.
Para suceder o Demon, a Especificação F.9/35 demandava a concepção de um caça defensivo de dois lugares, de uso diurno e noturno, dotado de uma torreta e que fosse capaz de fazer 467 km/h a 4600 metros. Dos sete projetos apresentados (inclusive um dos últimos projetos de Reginald Mitchell que era baseado no Spitfire), dois foram selecionados: o Hawker Hotspur, um derivativo do Hurricane, e o Boulton-Paul P.92, que viria a ser conhecido como Defiant. Inicialmente o Hotspur foi selecionado pela RAF, mas como a Hawker já estava sobrecarregada com a produção do Hurricane e de qualquer maneira o projeto do Hotspur estava bastante atrasado decidiu-se que o modelo a entrar em fabricação seria o Defiant. Ademais, a Boulton Paul seria de qualquer maneira a fornecedora das torretas qualquer que fosse o caça a ser produzido.
O primeiro vôo do protótipo foi em agosto de 1937. A entrada em produção foi atrasada em função de a Bulton Paul estar comprometida com a entrega dos Blackburn Roc para a FAA, de modo que em agosto de 1939 somente três Defiants haviam sido entregues à RAF.
Entre dezembro de 1939 e março de 1940, o Esquadrão 264 – o primeiro a receber os Defiants - trabalhou arduamente para colocar o novo caça em situação operacional, explorando o envelope de vôo e desenvolvendo táticas para a seu emprego em combate. Mesmo o problema da vulnerabilidade ante o ataque pelos caças de escolta foi parcialmente resolvido por meio da formação de um “círculo defensivo” descendente, uma adaptação do Círculo Lufbery da I Guerra no qual os atacantes ficavam vulneráveis ao fogo cruzado das torretas. Em meados de maio os Defiants do 264 fizeram as suas primeiras missões, conseguindo algumas vitórias animadoras. Na tarde de 29 de maio, em duas missões, um resultado impressionante foi obtido: o esquadrão alegou ter destruído nada menos que 37 aviões inimigos: 19 Ju-87 Stukas, 9 Bf-110, 8 Bf-109s e um Ju-88, para a perda de um único artilheiro (que saltou do seu avião avariado para a morte, enquanto que o avião e o piloto conseguiram retornar). Este foi o melhor resultado em combate de um esquadrão de caça da RAF em um único dia, recorde que perdura até hoje. Obviamente, as expectativas em torno do Defiant foram bastante infladas com esses primeiros resultados.
É bom ressaltar que uma parte do estrondoso “sucesso” dos Defiant pode ser creditada a um natural exagero decorrente do fato que normalmente para cada avião inimigo derrubado contribuíram mais de um Defiant de cada vez. Esse fenômeno, verificado depois por exemplo na campanha de bombardeio sobre a Alemanha pelas Fortalezas Voadoras americanas, inflou ainda mais as expectativas sobre o Defiant, sem lastro em fatos. Por exemplo, das 37 vitórias apregoadas no famoso 29 de maio, os registros alemães contabilizaram apenas 12 a 15 perdas, pouco mais de 1/3 do declarado.
Infelizmente para as tripulações dos Defiants as condições em que a Batalha da Inglaterra seria travada algumas semanas depois não seriam tão propícias. Analisando com a confortável perspectiva da História, hoje podemos listar vários erros de avaliação e gestão que foram cometidos e que, em conjunto, levaram a um grande desastre:
• A fórmula, em si, carregava um problema básico. O Defiant era, assim como o Fairey Battle, muito avião para pouco motor. Sem toda a potência necessária para carregar uma torreta, sistemas elétricos e hidráulicos associados, quatro metralhadoras, munição suficiente e um tripulante adicional em um avião de porte modesto. Embora pouco maior em comprimento e envergadura, um Defiant pesava quase o dobro de um Spitfire ou Hurricane (ou um Bf-109) e era propulsionado basicamente pelo mesmo RR Merlin III dos caças monopostos, que estava na classe de meros 1000 HP. A velocidade final era boa, a boa aerodinâmica proporcionava um avião dócil, estável e relativamente ágil, mas o alto peso/potência fazia com que o avião não respondesse tão rapidamente quanto os seus adversários;
• De fato, desde o início, o Defiant não foi concebido para ser um caça para combater outros caças. Quando foi lançado sem a adequada cobertura de Spitfires ou Hurricanes, os Defiants tinham poucas chances de combater com sucesso os Bf-110s e muito menos os Bf-109s.;
• A cooperação com os caças ainda era sobremaneira dificultada por um pequeno detalhe técnico: os Defiants ainda eram equipados com os obsoletos rádios HF, enquanto que a grande maioria dos esquadrões de Spitfires e Hurricanes estavam completando a transição para os rádios VHF. Simplesmente não havia para os Defiants como pedir socorro ou coordenar as ações com os seus protetores sem a participação do controle de terra;
• O posicionamento de alguns esquadrões como o 141 em bases muito próximas à costa do Canal fez com que normalmente os Defiants não conseguissem atingir a altitude ideal de combate ao interceptar as formações inimigas. A lenta razão de subida do Defiant era um dos seus maiores pontos fracos. Com isso, os caças alemães podiam atacar os Defiants ainda em ascenção com muito mais energia – e melhores resultados. O Esquadrão 264, baseado em Manston – nos arredores de Londres – normalmente conseguia chegar na zona de combate em uma situação bem mais favorável;
• Inacreditavelmente, consta que a experiência acumulada pelo 264 foi pouco compartilhada com o 141, o segundo esquadrão a operar os Defiants. O comandante do 141, bastante cético com relação ao Defiant, preferiu usar a sua própria abordagem para o emprego do caça e os resultados foram catastróficos: em 19 de junho, na sua primeira missão de combate, sete dos nove Defiants do esquadrão foram rapidamente derrubados pelos Bf-109 da escolta alemã. Somente dois escaparam, um gravemente avariado, e isso só foi possível graças à intervenção dos Hurricanes do Esquadrão 111, chamado às pressas para intervir.
Como resultado, a reputação do Defiant foi irremediavelmente afetada e com o súbito aumento das perdas entre junho e agosto foi ordenado o imediato afastamento dos Defiants da linha de frente nas operações diurnas. Como declarou o Air Chief Marshal Hugh Dowding:
“I think it is now generally agreed that the single-seater multi-gun fighter with fixed guns was the most efficient type which could have been produced for day fighting. The Defiant, after some striking initial successes, proved to be too expensive in use against fighters and was relegated to night work and to the attack of unescorted bombers. It had two serious disabilities; firstly, the brain flying the aeroplane was not the brain firing the guns: the guns could not fire within 16 degrees of the line of flight of the aeroplane and the gunner was distracted from his task by having to direct the pilot through the communication set.
Secondly, the guns could not be fired below the horizontal, and it was therefore necessary to keep below the enemy. When beset by superior numbers of fighters the best course to pursue was to form a descending spiral, so that one or more Defiants should always be in a position to bring effective fire to bear. Such tactics were, however, essentially defensive, and the formation sometimes got broken up before they could be adopted. In practice, the Defiants suffered such heavy losses that it was necessary to relegate them to night fighting, or to the attack of unescorted bombers.”
Os Defiants foram então destacados para a caça noturna, função na qual destacaram-se a despeito das dificuldades inerentes à localização dos alvos sem os auxílios eletrônicos que estavam ainda nos seus primórdios. Nessa fase, equipados com o motor Merlin XX e algumas mudanças decorrentes, os novos Defiants Mk.II atingiram o ponto culminante do seu desempenho. Defiants foram dos primeiros caças ingleses a usar o radar embarcado AI Mk.IV, revolucionando o combate aéreo que dependia até então de condições de visibilidade ideais para a localização dos alvos. Usando as metralhadoras da torreta de forma semelhante às Schräge Musik anos depois pelos alemães, os Defiants contribuíram de forma importante para o esforço para deter os ataques noturnos alemães.
Em 1942 os Defiants foram aposentados das missões de interceptação, mas continuaram a prestar relevantes serviços como rebocadores de alvo, aviões de treinamento e no serviço de busca e resgate aéreo dobre o mar (SAR). Ao longo deste ano também foram confiados a Defiants algumas das primeiras missões de contramedidas eletrônicas (ECM), destinadas a embaralhar os sistemas alemães de radar Freya e Würzburg. O Sistema “Moonshine” foi usado pelo Esquadrão 515 contra as defesas alemãs em algumas missões “circus” na costa europeia e, depois, na cobertura ao ataque a Dieppe em agosto. O “Moonshine” foi substituído em dezembro pelo sistema “Mandrel”, que foi operado pelos Defiants do 515 até julho de 1943 com grande sucesso. Com o tempo os Defiant foram substituidos nessas missões pelos Beaufighters e Mosquitos, que podiam levar mais carga útil e ficar mais tempo no ar.
Uma missão interessante do Defiant foi como banco de testes dos primeiros assentos ejetáveis da Martin-Baeker em 1945. Os últimos Defiants da RAF operaram como rebocadores de alvo na Índia até meados de 1947.
Somente um Defiant inteiro ainda existe, e está exposto em Hendon. Partes de outros dois Defiants estão também preservadas em museus, e uma replica foi construída recentemente pela Boulton Paul Association.
Sucesso ou fracasso?
O Defiant é um avião que tem uma má imagem na história a aviação, tido como um conceito errado que, quando aplicado, causou perdas desnecessárias de vidas, recursos e tempo, tão escassos naquele momento crítico.
De fato, se o resultado final foi mesmo desastroso, estou convencido que boa parte deveu-se a falhas na doutrina operacional - decorrentes do pouco tempo disponível para descobrir as vantagens de desvantagens do equipamento e desenvolver as melhores formas de usá-lo. A premência da situação na Batalha da Inglaterra levou a RAF a lançar os Defiants, ainda em aperfeiçoamento, em missões para a qual ele não fora concebido – como a de enfrentar o inimigo protegido por escoltas sem a devida cobertura. O resultado não poderia mesmo ter sido muito diferente.
Outros aviões na história tiveram uma segunda chance, como foi o caso do Bf-110 e do Stuka, contemporâneos e vítimas dos Defiants que no decorrer da Guerra receberam aperfeiçoamentos e novos papéis, sendo úteis até o fim das hostilidades. O próprio conceito de caça especializado em interceptação de bombardeiros foi usado com bastante sucesso pelos alemães enquanto as escoltas aliadas não conseguiram penetrar o suficiente em território inimigo para oferecer uma proteção eficaz. Com uma melhor motorização (disponível para o Defiant II, por exemplo), a performance melhorou – especialmente na razão de subida, seu ponto mais fraco. A adoção de um conjunto de metralhadoras ofensivas (ou a sincronização das metralhadoras da torreta com a hélice permitindo atirar para a frente) poderia ter aumentado a chance de sobrevivência dos Defiants em combate direto. E, acima de tudo, o uso coordenado dos Defiants com os Spitfires e Hurricanes em formações mistas, conforme concebido originalmente, certamente teria dado resultados muito mais positivos do que o que foi verificado.
Por outro lado, praticamente tudo o que o Defiant podia fazer novos modelos como o Beaufighter e o Mosquito também faziam, com mais eficácia. Em última análise, isso foi o que ditou o seu fim.
Revolucionário, pioneiro, surpreendente, o Boulton-Paul Defiant foi, sem dúvida, um dos mais interessantes aviões da II Guerra Mundial.
Daqui a pouco a gente continua com o inbox review!
Editado pela última vez por meianoite2 em 06 Mar 2015, 18:05, em um total de 2 vezes.
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Eduardo
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Re: Novo Defiant da Airfix
Agora, o que achei do kit "na caixa":
O Defiant na 1/72
Lembro-me bem, há muitos anos atrás, na vitrine da Hobbylândia ficavam em exposição vários modelos, cuidadosamente montados e pintados, que me enchiam de vontade de um dia poder montar os meus kits assim. Um deles se destacava, não pelo tamanho mas pela esquisitice. Era inglês, sem dúvida, os cocares revelavam. Mas não era nem um Spitfire ou um Hurricane, e tinha atrás do piloto uma torreta com metralhadoras como um bombardeiro pequeno. E, pior, o Seu Morimoto não tinha um kit dele pra eu montar, dizia ele era importado, difícil aparecer um aqui naqueles tempos... depois soube que aquele avião esquisito era o Defiant, e aquele kit certamente era o Airfix – habilmente montado até hoje não sei por quem.
Há coisa de uns dez anos eu finalmente coloquei as mãos num desses kits, assim que apareceu na loja do Osório. Caramba. O kit era uma goiaba master, toda cheia de caroços (rebites em profusão), encaixes duvidosos, detalhes grosseiros e todo “errado” nas formas. 1960, mais velho que eu. Mas era “aquele” Defiant, furou a fila e perpetrei-o em pouco menos de uma semana. Ao custo de meia bisnaga de putty e uma folha de lixa. Guardei o modelo, que ainda está em condições de ser fotografado.
O objetivo, concretizado há pouco tempo, era comprar o MPM/Special Hobby – este um kit bem mais moderno e, segundo os reviews, melhor que o Pavla e não tão caro quanto o CMR, em resina. O kit da Special Hobby que tenho “na fila” (72530) é um típico short-run, enriquecido por um super interior em resina, PEs e canopi em vacuform. Não fosse a sanha de montar uma penca de Spitfires eu já teria tirado ele da prateleira.
Eis que perto deste último natal o Augusto posta uma lista de novidades anunciadas pela Airfix. Entre elas, um Defiant 1/72 – só a arte da caixa, ao contrário dos demais kits que tinham imagens em 3D dos protótipos em CAD. Legal, pensei. Deve ser um daqueles reissues com novos decais, nada mais que isso.
Felizmente estava enganado!
O kit
Assim que o kit saiu na Hannants eu encomendei um, que chegou em pouco mais de duas semanas aqui. Aliás, pelo site dos Correios, a remessa ainda está em Curitiba... vai entender!
Abri a caixa e fiquei impressionadíssimo com o que vi. Que kit é esse! Um dos melhores kits 1/72 da Airfix que vi recentemente. Esqueça aquele Defiant jurássico (1961, mais velho que eu!) que a Airfix fabricou até recentemente. Aquele era todo incorreto nas formas e medidas, ruim de montar e com detalhes grosseiros. Este é um kit absolutamente moderno, repleto de detalhes e com uma engenharia soberba.
A caixa é em papelão plastificado, que a torna bem impermeável, resistente e com tampa. Toda ilustrada, traz uma bela pintura de um Defiant do 264 em ação e nas laterais dicas, truques e quebra-galhos que antes ocupavam espaço no folheto de instruções.
Dentro, um pacote lacrado contendo três árvores de peças em estireno cinza-claro, bastante macio mas bom de trabalhar, no padrão recente da Airfix. Dentro também um saquinho separado com uma árvore com as transparências, uma boa para mantê-las sem arranhões.
Os detalhes, como se vê nas fotos, são muito bons para a escala. O detalhamento exterior é na minha opinião bastante bom, embora alguns possam reclamar da espessura e profundidade de algumas linhas de painel. Mas nada que desabone ou não fique menos acentuado com um bom trabalho de pintura. Com o que o kit oferece é possível fazer-se um interior bastante aceitável, especialmente se se usar as figuras do piloto e do artilheiro, estas excelentes em todos os aspectos, e se optar pelo canopi fechado. Senão, será bom acrescentar um painel de controle mais refinado que o decal oferecido - no Defiant o painel fica bastante à mostra ao contrário de outros aviões na 1/72 - e um jogo de cintos de segurança para fazer um interior bastante correto, como deu para constatar analisando alguns walkaround que estão aí pela internet.
Além das excelentes figuras dos tripulantes do avião, alguns mimos são dignos de nota. Um par de peças específicas foram moldadas para fazer as portas do trem de pousos fechadas, o que não só resolve a vida de quem quer fazer um modelo “voando” como também ajuda um bocado na hora de se mascarar os porões das rodas que devem ser pintados em alumínio, diferentemente do resto da asa. Outro detalhe simpaticíssimo foi a moldagem de um par de peças transparentes específicas para se montar o canopi do piloto aberto. A engenharia das peças é bastante esperta e permite um efeito final muito bom. Ponto nesse quesito muitas vezes mal resolvido em outros kits.
A lamentar somente a fragilidade de algumas peças como as antenas, pitot, metralhadoras e as pinças do trem de pouso. Todas são muito difíceis de serem removidas sem que aconteça alguma quebra.
Um folheto de instruções em tamanho A3, dobrado e grampeado, com ilustrações num estilo mais moderno que ressalta as diferentes peças e sua localização. Embora tenha a tendência de ser meio saudosista nessas coisas, gostei da abordagem, que já havia visto no folheto do seu novo Hurricane Mk.I lançado no ano passado. Os dois esquemas de pintura oferecidos, em cores, ocupam as páginas finais do folheto. . As cores, claro, são referenciadas pelos códigos da Humbrol – mas às cores da camuflagem também são dados os nomes próprios. Além daquele inescapável folhetinho do Airfix Club, acompanha uma folha A3 separada, indicando o posicionamento dos inúmeros estênceis que vêm na folha de decais. Muito simpático.
Por falar nos decais, o meu exemplar veio defeituoso. Aparentemente a minha folha de decais foi retirada da máquina de impressão antes da hora e o vermelho saiu irremediavelmente borrado. Uma pena, a folha é muito bem impressa e em perfeito registro. Impressa pela Cartograf, o que seria uma garantia de qualidade. Infelizmente, em algum lugar da cadeia produtiva houve uma falha de controle de qualidade.
A respeito disso, assim que vi o problema enviei um email para a Hornby/Airfix que me respondeu em poucas horas que eles não tinham esses decais em estoque mas que assim que estivesse disponível eles me enviariam uma folha para repor a defeituosa. O problema foi comunicado em 10 de fevereiro. No dia seguinte, eles responderam que não tinham a folha em estoque mas comunicariam assim que ela chegasse. Anteontem, 3 de março, eles informaram que a folha só estaria disponível em abril, mas me ofereceram a folha do kit que é o combo com o Do-17. Aceitei, e eles já me enviaram a folha pelo correio. Estou aguardando...
Conclusão
A conjunção daquela minha ligação antiga com o Defiant e a qualidade do que vi na caixa fizeram com que este kit saísse diretamente do pacote da Hannants para a bancada. Simples assim, furou a fila.
A montagem já está bem adiantada, e o modelo ficou “pronto” antes de os decais chegarem. Acabei usando alguns que tenho na minha caixa de sobras (uma folha antiga do FCM sobre a Batalha da Inglaterra!) junto do que puder salvar da folha. Nos posts seguintes vou mostrando como está caminhando a obra. Posso adiantar que está superando as minhas melhores expectativas.
Se eu gostei desse novo kit? Já mandei vir outro, agora num combo com o também novo Do-17. Este que está a caminho pretendo montar com os acessórios que a Eduard (que não perde tempo!) estará lançando em breve, talvez enriquecidos por algo das resinas do kit da Special Hobby, não sei ainda.
Por ora é isso!
O Defiant na 1/72
Lembro-me bem, há muitos anos atrás, na vitrine da Hobbylândia ficavam em exposição vários modelos, cuidadosamente montados e pintados, que me enchiam de vontade de um dia poder montar os meus kits assim. Um deles se destacava, não pelo tamanho mas pela esquisitice. Era inglês, sem dúvida, os cocares revelavam. Mas não era nem um Spitfire ou um Hurricane, e tinha atrás do piloto uma torreta com metralhadoras como um bombardeiro pequeno. E, pior, o Seu Morimoto não tinha um kit dele pra eu montar, dizia ele era importado, difícil aparecer um aqui naqueles tempos... depois soube que aquele avião esquisito era o Defiant, e aquele kit certamente era o Airfix – habilmente montado até hoje não sei por quem.
Há coisa de uns dez anos eu finalmente coloquei as mãos num desses kits, assim que apareceu na loja do Osório. Caramba. O kit era uma goiaba master, toda cheia de caroços (rebites em profusão), encaixes duvidosos, detalhes grosseiros e todo “errado” nas formas. 1960, mais velho que eu. Mas era “aquele” Defiant, furou a fila e perpetrei-o em pouco menos de uma semana. Ao custo de meia bisnaga de putty e uma folha de lixa. Guardei o modelo, que ainda está em condições de ser fotografado.
O objetivo, concretizado há pouco tempo, era comprar o MPM/Special Hobby – este um kit bem mais moderno e, segundo os reviews, melhor que o Pavla e não tão caro quanto o CMR, em resina. O kit da Special Hobby que tenho “na fila” (72530) é um típico short-run, enriquecido por um super interior em resina, PEs e canopi em vacuform. Não fosse a sanha de montar uma penca de Spitfires eu já teria tirado ele da prateleira.
Eis que perto deste último natal o Augusto posta uma lista de novidades anunciadas pela Airfix. Entre elas, um Defiant 1/72 – só a arte da caixa, ao contrário dos demais kits que tinham imagens em 3D dos protótipos em CAD. Legal, pensei. Deve ser um daqueles reissues com novos decais, nada mais que isso.
Felizmente estava enganado!
O kit
Assim que o kit saiu na Hannants eu encomendei um, que chegou em pouco mais de duas semanas aqui. Aliás, pelo site dos Correios, a remessa ainda está em Curitiba... vai entender!
Abri a caixa e fiquei impressionadíssimo com o que vi. Que kit é esse! Um dos melhores kits 1/72 da Airfix que vi recentemente. Esqueça aquele Defiant jurássico (1961, mais velho que eu!) que a Airfix fabricou até recentemente. Aquele era todo incorreto nas formas e medidas, ruim de montar e com detalhes grosseiros. Este é um kit absolutamente moderno, repleto de detalhes e com uma engenharia soberba.
A caixa é em papelão plastificado, que a torna bem impermeável, resistente e com tampa. Toda ilustrada, traz uma bela pintura de um Defiant do 264 em ação e nas laterais dicas, truques e quebra-galhos que antes ocupavam espaço no folheto de instruções.
Dentro, um pacote lacrado contendo três árvores de peças em estireno cinza-claro, bastante macio mas bom de trabalhar, no padrão recente da Airfix. Dentro também um saquinho separado com uma árvore com as transparências, uma boa para mantê-las sem arranhões.
Os detalhes, como se vê nas fotos, são muito bons para a escala. O detalhamento exterior é na minha opinião bastante bom, embora alguns possam reclamar da espessura e profundidade de algumas linhas de painel. Mas nada que desabone ou não fique menos acentuado com um bom trabalho de pintura. Com o que o kit oferece é possível fazer-se um interior bastante aceitável, especialmente se se usar as figuras do piloto e do artilheiro, estas excelentes em todos os aspectos, e se optar pelo canopi fechado. Senão, será bom acrescentar um painel de controle mais refinado que o decal oferecido - no Defiant o painel fica bastante à mostra ao contrário de outros aviões na 1/72 - e um jogo de cintos de segurança para fazer um interior bastante correto, como deu para constatar analisando alguns walkaround que estão aí pela internet.
Além das excelentes figuras dos tripulantes do avião, alguns mimos são dignos de nota. Um par de peças específicas foram moldadas para fazer as portas do trem de pousos fechadas, o que não só resolve a vida de quem quer fazer um modelo “voando” como também ajuda um bocado na hora de se mascarar os porões das rodas que devem ser pintados em alumínio, diferentemente do resto da asa. Outro detalhe simpaticíssimo foi a moldagem de um par de peças transparentes específicas para se montar o canopi do piloto aberto. A engenharia das peças é bastante esperta e permite um efeito final muito bom. Ponto nesse quesito muitas vezes mal resolvido em outros kits.
A lamentar somente a fragilidade de algumas peças como as antenas, pitot, metralhadoras e as pinças do trem de pouso. Todas são muito difíceis de serem removidas sem que aconteça alguma quebra.
Um folheto de instruções em tamanho A3, dobrado e grampeado, com ilustrações num estilo mais moderno que ressalta as diferentes peças e sua localização. Embora tenha a tendência de ser meio saudosista nessas coisas, gostei da abordagem, que já havia visto no folheto do seu novo Hurricane Mk.I lançado no ano passado. Os dois esquemas de pintura oferecidos, em cores, ocupam as páginas finais do folheto. . As cores, claro, são referenciadas pelos códigos da Humbrol – mas às cores da camuflagem também são dados os nomes próprios. Além daquele inescapável folhetinho do Airfix Club, acompanha uma folha A3 separada, indicando o posicionamento dos inúmeros estênceis que vêm na folha de decais. Muito simpático.
Por falar nos decais, o meu exemplar veio defeituoso. Aparentemente a minha folha de decais foi retirada da máquina de impressão antes da hora e o vermelho saiu irremediavelmente borrado. Uma pena, a folha é muito bem impressa e em perfeito registro. Impressa pela Cartograf, o que seria uma garantia de qualidade. Infelizmente, em algum lugar da cadeia produtiva houve uma falha de controle de qualidade.
A respeito disso, assim que vi o problema enviei um email para a Hornby/Airfix que me respondeu em poucas horas que eles não tinham esses decais em estoque mas que assim que estivesse disponível eles me enviariam uma folha para repor a defeituosa. O problema foi comunicado em 10 de fevereiro. No dia seguinte, eles responderam que não tinham a folha em estoque mas comunicariam assim que ela chegasse. Anteontem, 3 de março, eles informaram que a folha só estaria disponível em abril, mas me ofereceram a folha do kit que é o combo com o Do-17. Aceitei, e eles já me enviaram a folha pelo correio. Estou aguardando...
Conclusão
A conjunção daquela minha ligação antiga com o Defiant e a qualidade do que vi na caixa fizeram com que este kit saísse diretamente do pacote da Hannants para a bancada. Simples assim, furou a fila.
A montagem já está bem adiantada, e o modelo ficou “pronto” antes de os decais chegarem. Acabei usando alguns que tenho na minha caixa de sobras (uma folha antiga do FCM sobre a Batalha da Inglaterra!) junto do que puder salvar da folha. Nos posts seguintes vou mostrando como está caminhando a obra. Posso adiantar que está superando as minhas melhores expectativas.
Se eu gostei desse novo kit? Já mandei vir outro, agora num combo com o também novo Do-17. Este que está a caminho pretendo montar com os acessórios que a Eduard (que não perde tempo!) estará lançando em breve, talvez enriquecidos por algo das resinas do kit da Special Hobby, não sei ainda.
Por ora é isso!
Sempre aprendendo...
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Re: Novo Defiant da Airfix
aviões ingleses, fora o Spit e Hurricane, de tão feios, que são interessantes...
- Andre Cardoso
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Re: Novo Defiant da Airfix
Ótima introdução! Quero ver o resto.
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Re: Novo Defiant da Airfix
Enquanto isso, pra ir instigando a curiosidade, um filminho sobre a operação da torreta do Defiant. Reparem que a torreta era operada por um joystick muito parecido com o dos nossos joguinhos de hoje em dia. Outra curiosidade, reparem no acionamento automático das carenagens aerodinâmicas à frente e atrás da torreta. Elas sobem ou descem conforme a torreta gira, por meio de um sistema eletro-hidráulico.
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Re: Novo Defiant da Airfix
Coitado do artilheiro, fico imaginando como é que numa situação de emergência ele saia por aquela portinha e ainda tinha que depois vestir o paraquedas.
Muito legal o filme.
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Re: Novo Defiant da Airfix
Augusto escreveu:Coitado do artilheiro, fico imaginando como é que numa situação de emergência ele saia por aquela portinha e ainda tinha que depois vestir o paraquedas.
Muito legal o filme.
Se a torreta emperrasse (algo provável de acontecer, basta ver que ela não abre fácil nem na hora da filmagem), ele também tinha uma rota de fuga pelo ventre do avião, o que envolvia se esgueirar pra dentro da torreta, usar um pequeno machado para abrir o caminho e, claro, não esquecer de pegar o paraquedas - que tinha que ser vestido já em queda livre.
Por essas e outras é que esse trabalho era preferencialmente entregue aos baixinhos, magricelos e loucos. Preferencialmente aos que possuíssem as três características juntas.
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Re: Novo Defiant da Airfix
Antes de começar de fato a montagem, fiz alguns testes de encaixe a seco das principais partes.
Absolutamente perfeito! Aqueles principais problemas estruturais que eventualmente afetam kits como junção das asas com a fuselagem e a formação de frestas, bem como o diedro das asas e o encaixe dos profundores, nada disso aparentemente seria problemático.
Daqui a pouco, começa a subir a montagem...
Absolutamente perfeito! Aqueles principais problemas estruturais que eventualmente afetam kits como junção das asas com a fuselagem e a formação de frestas, bem como o diedro das asas e o encaixe dos profundores, nada disso aparentemente seria problemático.
Daqui a pouco, começa a subir a montagem...
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Re: Novo Defiant da Airfix
Vamos então à montagem propriamente dita.
Como de costume, comecei pelo cockpit. Para incrementar o interior da fuselagem sem complicar a moldagem das formas, os detalhes das paredes do cockpit são fornecidos separadamente. As paredes em si, que no original são corrugadas, estão razoavelmente bem representadas. Há certa controvérsia quanto às cores indicadas. A Airfix sugere pintar os detalhes separados em preto, enquanto que fotos de época mostram partes dessas peças em interior green. Segui as fotos.
Na lateral de boreste há um pequeno painel, que tem dois mostradores. O fundo deles é branco, pelas fotos. Representei com um pingo de tinta branca, mas num modelo mais detalhado convém colar um par de decais fazendo esses mostradores, que são bem visíveis com o canopi aberto.
Na lateral de bombordo apenas ressaltei a manete do acelerador com um pingo de tinta. Novamente esses detalhes são bastante bons e dentro do possível corretamente posicionados, mas há espaço para melhoramentos caso o modelista deseje.
Ao assoalho juntam-se o assento do piloto (embora espesso, bastante razoável) e a pedaleira do leme de direção. O manche é bastante simplificado, uma barrinha com um círculo, mas aproveitável. A posição da fixação do manche, na borda anterior do assento e não no assoalho, como é o mais comum, está correta segundo as fotos. Mais uma esquisitice do Defiant...
O ponto fraco do cockpit é o painel de controle, que no cockpit do Defiant que não tem colimador é bastante visível. O kit oferece uma placa plana, lisa, e um decal. Embora tamanho, posição e cores dos mostradores sejam coerentes com e fotos e esquemas das referências, o fato é que o painel destoa do conjunto pela demasiada simplicidade. Um bom lugar para melhoramento. A Eduard e a Yahu já anunciaram conjuntos para substituir esse detalhe em particular. Neste modelo usei o decal.
Duas anteparas limitam o cockpit. A posterior tem uma ranhura para a fixação do cinto de segurança e a anterior uma peça (indicada para ser pintada de alumínio) que deve representar o tanque de combustível – detalhe que não se vê no modelo montado, de qualquer maneira.
O kit não traz cintos de segurança. O modelista pode optar por usar a boa figura do piloto ou então adicionar cintos por sua conta. Eu usei uns cintos da Eduard da folha de PE para a RAF. Para não gastar um tipo Sutton (o correto pro Defiant) que estou reservando pros Spitfires, eu usei um tipo Q. Acho que poucos vão reparar isso, e o efeito ficou decente.
Pintei tudo com o interior green da Gunze e preto da Vallejo, Future pra dar um brilho, wash Vallejo e um discreto drybrush com Vallejo alumínio. O resultado foi esse:
Por enquanto é isso!
Como de costume, comecei pelo cockpit. Para incrementar o interior da fuselagem sem complicar a moldagem das formas, os detalhes das paredes do cockpit são fornecidos separadamente. As paredes em si, que no original são corrugadas, estão razoavelmente bem representadas. Há certa controvérsia quanto às cores indicadas. A Airfix sugere pintar os detalhes separados em preto, enquanto que fotos de época mostram partes dessas peças em interior green. Segui as fotos.
Na lateral de boreste há um pequeno painel, que tem dois mostradores. O fundo deles é branco, pelas fotos. Representei com um pingo de tinta branca, mas num modelo mais detalhado convém colar um par de decais fazendo esses mostradores, que são bem visíveis com o canopi aberto.
Na lateral de bombordo apenas ressaltei a manete do acelerador com um pingo de tinta. Novamente esses detalhes são bastante bons e dentro do possível corretamente posicionados, mas há espaço para melhoramentos caso o modelista deseje.
Ao assoalho juntam-se o assento do piloto (embora espesso, bastante razoável) e a pedaleira do leme de direção. O manche é bastante simplificado, uma barrinha com um círculo, mas aproveitável. A posição da fixação do manche, na borda anterior do assento e não no assoalho, como é o mais comum, está correta segundo as fotos. Mais uma esquisitice do Defiant...
O ponto fraco do cockpit é o painel de controle, que no cockpit do Defiant que não tem colimador é bastante visível. O kit oferece uma placa plana, lisa, e um decal. Embora tamanho, posição e cores dos mostradores sejam coerentes com e fotos e esquemas das referências, o fato é que o painel destoa do conjunto pela demasiada simplicidade. Um bom lugar para melhoramento. A Eduard e a Yahu já anunciaram conjuntos para substituir esse detalhe em particular. Neste modelo usei o decal.
Duas anteparas limitam o cockpit. A posterior tem uma ranhura para a fixação do cinto de segurança e a anterior uma peça (indicada para ser pintada de alumínio) que deve representar o tanque de combustível – detalhe que não se vê no modelo montado, de qualquer maneira.
O kit não traz cintos de segurança. O modelista pode optar por usar a boa figura do piloto ou então adicionar cintos por sua conta. Eu usei uns cintos da Eduard da folha de PE para a RAF. Para não gastar um tipo Sutton (o correto pro Defiant) que estou reservando pros Spitfires, eu usei um tipo Q. Acho que poucos vão reparar isso, e o efeito ficou decente.
Pintei tudo com o interior green da Gunze e preto da Vallejo, Future pra dar um brilho, wash Vallejo e um discreto drybrush com Vallejo alumínio. O resultado foi esse:
Por enquanto é isso!
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Eduardo
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Re: Novo Defiant da Airfix
Muito bacana!!!
Anos atrás eu montei um Defiant da MPM que também é muito bom.
Anos atrás eu montei um Defiant da MPM que também é muito bom.
Tarkus
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Re: Novo Defiant da Airfix
Continuando a montagem,
Antes de fechar a fuselagem, o deck traseiro que suporta a torreta foi pintado e adicionado. Tomei o cuidado de pintar o fundo da fuselagem de interior green também, prevendo que algo desse verde ficaria visível através do envidraçado da torreta.
Fuselagem fechada sem problemas. Adicionei a peça no bico que suporta o eixo da hélice – não vou fazê-la como preconiza a instrução, prefiro fazer o acabamento da hélice e do bico separadamente.
Montei as asas. O insert com as caixas das rodas entra com facilidade e dá um ótimo acabamento. A lamentar somente o bordo de fuga da asa, que é bastante espesso, fora da escala. Em algumas fotos dá pra ver que o bordo de fuga da asa do Defiant não é exatamente uma navalha, mas o que fica no modelo é muito exagerado. Não gastei tempo tentando corrigir isso, mas um modelista exigente vai querer afinar essa área.
Os faróis no bordo de ataque são peças transparentes que devem ser coladas. O encaixe é bom e há uma “chave” que evita equívocos. O lado ruim é que a peça colocada não mimetiza corretamente a aparência do farol, que é circular e muito evidente. Um pouco de trabalho nessa área poderia fazer o efeito ficar bem mais convincente, mas pulei isso e segui em frente. As luzes de navegação das pontas das asas do Defiant eram colocadas em estojos transparentes, relativamente grandes. No kit esses detalhes são representados apenas por linhas de painel na ponta das asas, uma oportunidade (que não aproveitei desta vez) para um scratch básico. Optei por pintar as luzes, mais fácil e rápido...
O Defiant tinha uma faixa metálica que dava acabamento na junção entre os cunjuntos interno e externos das asas. Naquele ajusta daqui, ajusta dali acabei danificando um pouco esse detalhe, tão visível. Corrigi usando um par de tirinhas de fita 3M de alumínio autoadesivo. Aliás, um produto excelente para frisos, pequenos painéis, etc.
O pitot é extremamente fino, longo e portanto frágil, ainda mais neste plástico mole mas quebradiço que a Airfix usa. Quebrei a peça umas três vezes ao tentar retirar da árvore e tentar consertar. Desisti dele e vou fazer um em scratch com agulha hipodérmica e fio de cobre no final da montagem.
Colei os conjuntos de asa e fuselagem, sem maiores problemas. Uma falhazinha ou outra foram corrigidas com aquele putty acrílico da Vallejo, que é muito bom para fechar esse tipo de brecha muito fina. Passa no lugar, limpa com um cotonete úmido com água e vida que segue.
Optei por usar a peça que faz o acabamento do dorso na posição “elevada”. Deu um pequeno estresse, a peça ficou um pouquinho frouxa, mas com a cola seca e uma pitada de massa e lixa ficou adequado. Por que a posição “elevada”? Acho que a silhueta do avião fica mais bonita, e no mais das vezes essa peça ficava mesmo elevada para ajudar na aerodinâmica. Ela só era recolhida – junto com um acabamento entre a torreta e o cockpit – quando as metralhadoras passavam por ali com a torreta girando. Um processo automático, registrado no video que postei aqui hoje mais cedo. Vale a pena ver! (pra quem não viu, o link do vídeo: http://youtu.be/dIIqY81T67E)
Por falar em torreta, fiz uma montagem preliminar dela usando massinha Pritt para checar se a torreta pronta poderia ser colocada após a pintura, o que facilitaria muito as coisas. Sim, a torreta pode ser retirada e colocada com tudo montado. É meio tenso, a peça chega a fazer um “click” e a torreta fica um pouco solta no seu estojo, mas o efeito fica convincente e isso é o que importa. Afinal, este avião não vai voar e ninguém vai estar dentro da torreta.
Fiz os radiadores de água e óleo pintando as grades com Oily Steel da Model Color Vallejo (70865), envelhecido com um wash preto pra ressaltar as grelas, bem finamente representadas. As grades foram coladas às respectivas carenagens e essas coladas nos seus lugares, sem incidentes. O acabamento fica perfeito.
Para isolar o cockpit usei uma das transparências “fechadas”, colada com PVA e protegida com máscara lúquida, muito prático. Para fechar o vão da torreta, encaixei um pedaço de papelão cortado na medida, isolado com um pouco de papel e máscara líquida. Depois de tudo pintado, retirei e coloquei as peças definitivas que foram pintadas à parte.
Falei muito!
Vamos às imagens, que valem mais do que mil palavras:
Alinhamentos checados, eventuais degraus de montagem lixados, tudo ok, linhas de painel remarcadas. Próximo passo: pintura!
Antes de fechar a fuselagem, o deck traseiro que suporta a torreta foi pintado e adicionado. Tomei o cuidado de pintar o fundo da fuselagem de interior green também, prevendo que algo desse verde ficaria visível através do envidraçado da torreta.
Fuselagem fechada sem problemas. Adicionei a peça no bico que suporta o eixo da hélice – não vou fazê-la como preconiza a instrução, prefiro fazer o acabamento da hélice e do bico separadamente.
Montei as asas. O insert com as caixas das rodas entra com facilidade e dá um ótimo acabamento. A lamentar somente o bordo de fuga da asa, que é bastante espesso, fora da escala. Em algumas fotos dá pra ver que o bordo de fuga da asa do Defiant não é exatamente uma navalha, mas o que fica no modelo é muito exagerado. Não gastei tempo tentando corrigir isso, mas um modelista exigente vai querer afinar essa área.
Os faróis no bordo de ataque são peças transparentes que devem ser coladas. O encaixe é bom e há uma “chave” que evita equívocos. O lado ruim é que a peça colocada não mimetiza corretamente a aparência do farol, que é circular e muito evidente. Um pouco de trabalho nessa área poderia fazer o efeito ficar bem mais convincente, mas pulei isso e segui em frente. As luzes de navegação das pontas das asas do Defiant eram colocadas em estojos transparentes, relativamente grandes. No kit esses detalhes são representados apenas por linhas de painel na ponta das asas, uma oportunidade (que não aproveitei desta vez) para um scratch básico. Optei por pintar as luzes, mais fácil e rápido...
O Defiant tinha uma faixa metálica que dava acabamento na junção entre os cunjuntos interno e externos das asas. Naquele ajusta daqui, ajusta dali acabei danificando um pouco esse detalhe, tão visível. Corrigi usando um par de tirinhas de fita 3M de alumínio autoadesivo. Aliás, um produto excelente para frisos, pequenos painéis, etc.
O pitot é extremamente fino, longo e portanto frágil, ainda mais neste plástico mole mas quebradiço que a Airfix usa. Quebrei a peça umas três vezes ao tentar retirar da árvore e tentar consertar. Desisti dele e vou fazer um em scratch com agulha hipodérmica e fio de cobre no final da montagem.
Colei os conjuntos de asa e fuselagem, sem maiores problemas. Uma falhazinha ou outra foram corrigidas com aquele putty acrílico da Vallejo, que é muito bom para fechar esse tipo de brecha muito fina. Passa no lugar, limpa com um cotonete úmido com água e vida que segue.
Optei por usar a peça que faz o acabamento do dorso na posição “elevada”. Deu um pequeno estresse, a peça ficou um pouquinho frouxa, mas com a cola seca e uma pitada de massa e lixa ficou adequado. Por que a posição “elevada”? Acho que a silhueta do avião fica mais bonita, e no mais das vezes essa peça ficava mesmo elevada para ajudar na aerodinâmica. Ela só era recolhida – junto com um acabamento entre a torreta e o cockpit – quando as metralhadoras passavam por ali com a torreta girando. Um processo automático, registrado no video que postei aqui hoje mais cedo. Vale a pena ver! (pra quem não viu, o link do vídeo: http://youtu.be/dIIqY81T67E)
Por falar em torreta, fiz uma montagem preliminar dela usando massinha Pritt para checar se a torreta pronta poderia ser colocada após a pintura, o que facilitaria muito as coisas. Sim, a torreta pode ser retirada e colocada com tudo montado. É meio tenso, a peça chega a fazer um “click” e a torreta fica um pouco solta no seu estojo, mas o efeito fica convincente e isso é o que importa. Afinal, este avião não vai voar e ninguém vai estar dentro da torreta.
Fiz os radiadores de água e óleo pintando as grades com Oily Steel da Model Color Vallejo (70865), envelhecido com um wash preto pra ressaltar as grelas, bem finamente representadas. As grades foram coladas às respectivas carenagens e essas coladas nos seus lugares, sem incidentes. O acabamento fica perfeito.
Para isolar o cockpit usei uma das transparências “fechadas”, colada com PVA e protegida com máscara lúquida, muito prático. Para fechar o vão da torreta, encaixei um pedaço de papelão cortado na medida, isolado com um pouco de papel e máscara líquida. Depois de tudo pintado, retirei e coloquei as peças definitivas que foram pintadas à parte.
Falei muito!
Vamos às imagens, que valem mais do que mil palavras:
Alinhamentos checados, eventuais degraus de montagem lixados, tudo ok, linhas de painel remarcadas. Próximo passo: pintura!
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Re: Novo Defiant da Airfix
Agora, pintura e montagem final:
Primer Vallejo, um ou outro retoque, preshade com um Vallejo bem escuro (peguei o primeiro da gaveta) no aerógrafo com a pressão bem baixinha, pintura.
Usei o Sky da Gunze (H74) no ventre, Dark Earth Humbrol Acryl (Hu 29) e Dark Green da Tamyia (o novo, XF-81, que chegou há pouco via LuckyModel e estava querendo testar). Gunze e Tamyia não têm erro, a Humbrol é meio temperamental, mas também obedeceu, diluída com Veja.
As caixas de rodas foram pintadas em alumínio da Vallejo, e depois “mascaradas” usando as portas que o kit oferece para o porão fechado. Extremamente prático. Usei a técnica de mascarar com massa Pritt as curvas da camuflagem e preencher o resto a mascarar com mascara liquida da Vallejo. Ficaram algumas marcas da massa e da máscara líquida velha no Dark Earth. Depois de um e outro retoque e do verniz ficou aceitável. Com medo do crackling que a Gunze dá reagindo com o Future, deixei tudo curar bem, uns dias neste calor insano de verão carioca, e comecei isolando tudo com uma camada de Tamyia X-20 clear. Depois, o Future comeu solto até a superfície ficar brilhante pros decais.
Usei o que pude dos decais do kit, dei uma limpada nos excessos de borrões com álcool e depois isolei os decais com Liquid Decal Film. Aqueles círculos vermelhos marcando o “lock” das janelas de inspeção da parte de baixo das asas foram feitos com uma caneta, dá pra enganar. Os decais de identificação foram os mais prejudicados, e acabei usando uns que vinham numa folha antiga da FCM sobre a Batalha da Inglaterra. Assim, o PS-U virou PS-X. Esses decais FCM antigos, se tratados com o devido respeito (encapsulados em Future, segundo técnica preconizada pelo Augusto) até que se comportam bem. Pelo menos, este Defiant é personalizado – essa marcação não aparece em outras folhas para o Defiant. Os fin flashes (aquela bandeira tricolor) do leme de direção foram pintados com aerógrafo e máscaras de fita, pois os da folha de decais foram dados como FUBAR (Fucked Up Beyond Any Repair). Usei Primer branco Vallejo, Insignia Red da Testors e Azure da Vallejo – há fotos que indicam que alguns dos Defiants do 264 que tinham os flashes pintados em cores mais claras que os cocares. Dentro das possibilidades, ficou legal. Os decais do kit – os que não estavam corrompidos – aderiram bem e foram dóceis ao manejo, embora um pouco mais espessos e mais foscos que o meu gosto. A propósito da acurácia extrema, os cocares que usei (do kit) são diferentes do que se vê em fotos do PS-X, que tinha a banda amarela bem mais larga. Momento licença artística, pois! E já que estou contando os defeitos auto induzidos, confesso que omiti sim alguns estênceis. Num próximo modelo eu faço direitinho, prometo.
A Torreta. A montagem é tranquila, somente deve-se ter bastante cuidado com as metralhadoras que são extremamente frágeis. Quebrei elas retirando da árvore, e depois mais umas duas vezes manuseando-as. Com uma ponta de agulha hipodérmica furei as extremidades dos canos, fica bem melhor assim. Sem dúvida usar canos de metal ou resina fará metralhadoras bem melhores do que com as que o kit oferece, mas preferi guardar essa “munição” para um próximo modelo. Usei sobre a banqueta do artilheiro um cintinho ventral (que sobrou de um set de Lancaster em PE da Eduard). Fica visível, vale a pena colocar algo lá. Analisando fotos do interior da torreta dá pra ver que a peça oferecida no kit é bem esquemática mas tem a ver com o real. Eu somente adicionei um minúsculo joystick feito com um pedacinho de sprue esticado fino (é, o artilheiro do Defiant operava a torreta por meio de um joystick supreendentemente igual aos que usamos hoje em simuladores de avião) e colei um par de mostradores no painel – a essa altura eu havia localizado a folha que tinha uns decais de mostradores genéricos 1/72 que eu queria ter usado também lá na lateral do cockpit. Não tentei representar a alça de mira, mas dá pra fazer algo numa próxima vez. Tudo ali é preto, o que facilita as coisas. Um bom drybrush ajuda a ressaltar os detalhes e pronto.
O que o kit oferece já faz um bom efeito se pintado adequadamente, numa área que funciona como um ímã atraindo olhares curiosos. A despeito da torreta ser oferecida fechada, ela é tão bem detalhada e visível que certamente alguém oferecerá logo logo um conjunto em vacuform para fazê-la aberta, com direito a resinas, PEs ou mesmo uma mão mais hábil no scratch pra enriquecer o ambiente.
Hora de mascarar as transparências. As do cockpit são tranquilas, quase sempre linhas retas, mas a torreta é trabalhosa. Usei fita Tamiya e uma lâmina nova, mão firme e paciência. Ficou legal, mas com umas máscaras Eduard, Peewit ou Montex que certamente serão lançadas em breve tudo ficará bem mais agradável – eu não gosto de mascarar janelas, que jeito?
Superlegal a forma com que foi proposta no kit a abertura do cockpit. A porção basculante encaixa-se com perfeição em uma peça específica, rebaixada, que representa a prorção entre o cockpit e a torreta. O efeito ficou perfeito.
Apliquei um wash no avião todo, Vallejo preto diluído em Future, com pincel liner só nas linhas de painel mais evidentes. Tudo selado com verniz semibrilho da Vallejo, modulado pra mais brilhante um pouco já que os Defiants do 264 eram aviões relativamente bem tratados.
A hélice deu algum trabalho porque ficou uma emenda feia entre a base e o cubo. Ponto de atenção ao montar. Um pouquinho de putty Tamiya básico, lixa, pintura.
O trem de pouso é composto por algumas peças muito frágeis que exigem um cuidado danado para removê-las das árvores e limpá-las. Não, não é para os fracos. Uma vez limpas, porém, as peças encaixam-se muito bem e compõem um conjunto sólido e com ótimo alinhamento natural. Parabéns à Airfix pela engenharia, embora ache que os pontos de fixação das peças nas árvores devessem sem consideravelmente mais delicados. As rodas são “chaveadas” nos eixos das pernas do trem de pouso, ou seja, com um pouquinho de atenção o sutil rebaixado do pneu fica perfeitamente alinhado com o solo. Só não esqueça de fixar antes a bequilha – senão os pneus não vão assentar direito no chão!
Tudo nessa região é prateado, alumínio, whatever. Eu usei pra pintar tudo o Steel da Vallejo Model Air, sujado depois com Wash Dirt também da Vallejo. Os pneus foram pintados com o Antrazit da Revell Acqua com a ajuda de máscaras feitas com um vazador manual Ø5mm. A bequilha foi pintada na mão, não reparem no resultado pois tinha tomado uma cervejinha pouco antes...
Colei e pintei as antenas, que no Defiant são na região ventral. A anterior quebrou, é claro, ao ser destacada, foi recomposta e colada no kit – ela tem uma forma peculiar e um encaixe para ser fixada corretamente na fuselagem. A posterior nem me dei ao trabalho de retirá-la. Como ela fica quase toda retraída com o avião pousado, fiz uma em scratch, lisinha, e vida que segue.
Os fios das antenas fiz com EZ-Line. Para as antenas do IFF fiz um par de furinhos na lateral da fuselagem, colei com um micropingo de CA e pronto. Tranquilo e bastante convincente.
Removi as máscaras das janelas e eis o meu primeiro Defiant em muitos anos.
Depois posto mais fotos dele pronto e algumas considerações finais.
Primer Vallejo, um ou outro retoque, preshade com um Vallejo bem escuro (peguei o primeiro da gaveta) no aerógrafo com a pressão bem baixinha, pintura.
Usei o Sky da Gunze (H74) no ventre, Dark Earth Humbrol Acryl (Hu 29) e Dark Green da Tamyia (o novo, XF-81, que chegou há pouco via LuckyModel e estava querendo testar). Gunze e Tamyia não têm erro, a Humbrol é meio temperamental, mas também obedeceu, diluída com Veja.
As caixas de rodas foram pintadas em alumínio da Vallejo, e depois “mascaradas” usando as portas que o kit oferece para o porão fechado. Extremamente prático. Usei a técnica de mascarar com massa Pritt as curvas da camuflagem e preencher o resto a mascarar com mascara liquida da Vallejo. Ficaram algumas marcas da massa e da máscara líquida velha no Dark Earth. Depois de um e outro retoque e do verniz ficou aceitável. Com medo do crackling que a Gunze dá reagindo com o Future, deixei tudo curar bem, uns dias neste calor insano de verão carioca, e comecei isolando tudo com uma camada de Tamyia X-20 clear. Depois, o Future comeu solto até a superfície ficar brilhante pros decais.
Usei o que pude dos decais do kit, dei uma limpada nos excessos de borrões com álcool e depois isolei os decais com Liquid Decal Film. Aqueles círculos vermelhos marcando o “lock” das janelas de inspeção da parte de baixo das asas foram feitos com uma caneta, dá pra enganar. Os decais de identificação foram os mais prejudicados, e acabei usando uns que vinham numa folha antiga da FCM sobre a Batalha da Inglaterra. Assim, o PS-U virou PS-X. Esses decais FCM antigos, se tratados com o devido respeito (encapsulados em Future, segundo técnica preconizada pelo Augusto) até que se comportam bem. Pelo menos, este Defiant é personalizado – essa marcação não aparece em outras folhas para o Defiant. Os fin flashes (aquela bandeira tricolor) do leme de direção foram pintados com aerógrafo e máscaras de fita, pois os da folha de decais foram dados como FUBAR (Fucked Up Beyond Any Repair). Usei Primer branco Vallejo, Insignia Red da Testors e Azure da Vallejo – há fotos que indicam que alguns dos Defiants do 264 que tinham os flashes pintados em cores mais claras que os cocares. Dentro das possibilidades, ficou legal. Os decais do kit – os que não estavam corrompidos – aderiram bem e foram dóceis ao manejo, embora um pouco mais espessos e mais foscos que o meu gosto. A propósito da acurácia extrema, os cocares que usei (do kit) são diferentes do que se vê em fotos do PS-X, que tinha a banda amarela bem mais larga. Momento licença artística, pois! E já que estou contando os defeitos auto induzidos, confesso que omiti sim alguns estênceis. Num próximo modelo eu faço direitinho, prometo.
A Torreta. A montagem é tranquila, somente deve-se ter bastante cuidado com as metralhadoras que são extremamente frágeis. Quebrei elas retirando da árvore, e depois mais umas duas vezes manuseando-as. Com uma ponta de agulha hipodérmica furei as extremidades dos canos, fica bem melhor assim. Sem dúvida usar canos de metal ou resina fará metralhadoras bem melhores do que com as que o kit oferece, mas preferi guardar essa “munição” para um próximo modelo. Usei sobre a banqueta do artilheiro um cintinho ventral (que sobrou de um set de Lancaster em PE da Eduard). Fica visível, vale a pena colocar algo lá. Analisando fotos do interior da torreta dá pra ver que a peça oferecida no kit é bem esquemática mas tem a ver com o real. Eu somente adicionei um minúsculo joystick feito com um pedacinho de sprue esticado fino (é, o artilheiro do Defiant operava a torreta por meio de um joystick supreendentemente igual aos que usamos hoje em simuladores de avião) e colei um par de mostradores no painel – a essa altura eu havia localizado a folha que tinha uns decais de mostradores genéricos 1/72 que eu queria ter usado também lá na lateral do cockpit. Não tentei representar a alça de mira, mas dá pra fazer algo numa próxima vez. Tudo ali é preto, o que facilita as coisas. Um bom drybrush ajuda a ressaltar os detalhes e pronto.
O que o kit oferece já faz um bom efeito se pintado adequadamente, numa área que funciona como um ímã atraindo olhares curiosos. A despeito da torreta ser oferecida fechada, ela é tão bem detalhada e visível que certamente alguém oferecerá logo logo um conjunto em vacuform para fazê-la aberta, com direito a resinas, PEs ou mesmo uma mão mais hábil no scratch pra enriquecer o ambiente.
Hora de mascarar as transparências. As do cockpit são tranquilas, quase sempre linhas retas, mas a torreta é trabalhosa. Usei fita Tamiya e uma lâmina nova, mão firme e paciência. Ficou legal, mas com umas máscaras Eduard, Peewit ou Montex que certamente serão lançadas em breve tudo ficará bem mais agradável – eu não gosto de mascarar janelas, que jeito?
Superlegal a forma com que foi proposta no kit a abertura do cockpit. A porção basculante encaixa-se com perfeição em uma peça específica, rebaixada, que representa a prorção entre o cockpit e a torreta. O efeito ficou perfeito.
Apliquei um wash no avião todo, Vallejo preto diluído em Future, com pincel liner só nas linhas de painel mais evidentes. Tudo selado com verniz semibrilho da Vallejo, modulado pra mais brilhante um pouco já que os Defiants do 264 eram aviões relativamente bem tratados.
A hélice deu algum trabalho porque ficou uma emenda feia entre a base e o cubo. Ponto de atenção ao montar. Um pouquinho de putty Tamiya básico, lixa, pintura.
O trem de pouso é composto por algumas peças muito frágeis que exigem um cuidado danado para removê-las das árvores e limpá-las. Não, não é para os fracos. Uma vez limpas, porém, as peças encaixam-se muito bem e compõem um conjunto sólido e com ótimo alinhamento natural. Parabéns à Airfix pela engenharia, embora ache que os pontos de fixação das peças nas árvores devessem sem consideravelmente mais delicados. As rodas são “chaveadas” nos eixos das pernas do trem de pouso, ou seja, com um pouquinho de atenção o sutil rebaixado do pneu fica perfeitamente alinhado com o solo. Só não esqueça de fixar antes a bequilha – senão os pneus não vão assentar direito no chão!
Tudo nessa região é prateado, alumínio, whatever. Eu usei pra pintar tudo o Steel da Vallejo Model Air, sujado depois com Wash Dirt também da Vallejo. Os pneus foram pintados com o Antrazit da Revell Acqua com a ajuda de máscaras feitas com um vazador manual Ø5mm. A bequilha foi pintada na mão, não reparem no resultado pois tinha tomado uma cervejinha pouco antes...
Colei e pintei as antenas, que no Defiant são na região ventral. A anterior quebrou, é claro, ao ser destacada, foi recomposta e colada no kit – ela tem uma forma peculiar e um encaixe para ser fixada corretamente na fuselagem. A posterior nem me dei ao trabalho de retirá-la. Como ela fica quase toda retraída com o avião pousado, fiz uma em scratch, lisinha, e vida que segue.
Os fios das antenas fiz com EZ-Line. Para as antenas do IFF fiz um par de furinhos na lateral da fuselagem, colei com um micropingo de CA e pronto. Tranquilo e bastante convincente.
Removi as máscaras das janelas e eis o meu primeiro Defiant em muitos anos.
Depois posto mais fotos dele pronto e algumas considerações finais.
Sempre aprendendo...
Eduardo
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Re: Novo Defiant da Airfix
Bacana Eduardo. Ficou muito bonito o modelo. Parabéns!
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